Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 5 de agosto de 2019
O total de militares da ativa cedidos ao Executivo federal cresceu 13,7% nos primeiros seis meses do governo do presidente Jair Bolsonaro, na comparação com 2018, segundo dados do Ministério da Defesa. Esse percentual representa um acréscimo de 153 membros – número passou de 1.118 cedidos, no ano passado, para os atuais 1.271.
Com 75,5% do total de militares no governo, o Exército é a força com maior presença no Executivo. São 962 integrantes no governo, contra 164 da Marinha e 145 da Aeronáutica. Em 2018, o Exército representava 76% dos militares no governo.
As pastas que mais abrigam militares da ativa são o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), seguido pela AGU (Advocacia-Geral da União) e pelo MME (Ministério de Minas e Energia).
Além dos militares que ocupam cargos nos ministérios, há também membros da ativa em outros órgãos do Executivo federal, como na PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional), na AGLO (Autoridade de Governança do Legado Olímpico) e na vice-presidência.
Ainda que tenha aumentado o número de militares da ativa no Executivo, são os da reserva que terminaram ocupando os principais cargos no alto escalão. Dos seis ministros que integraram os quadros das Forças Armadas, dois trabalham diretamente com o presidente: Augusto Heleno, ministro do GSI, e Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo.
Além deles, outros militares de alta patente da reserva estão em postos chaves da administração pública. O almirante de esquadra Bento Albuquerque comanda o Ministério de Minas Energia. Já o Ministério da Defesa tem como chefe o general do exército Fernando Azevedo. O número dois de Azevedo é o almirante de esquadra Almir Garnier.
O astronauta e tenente-coronel da Força Aérea, Marcos Pontes, é ministro das Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Já o atual ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, teve uma longa carreira no Exército, principalmente nas áreas de projeção e construção de obras.
Gabinete verde-oliva
Por coordenar a segurança do presidente da República e o vice, o GSI abriga a maior parte dos militares da ativa: 93,5% do total. Em 2018, contudo, esse percentual era maior: de 96%.
No início de julho, a atuação do órgão foi criticada pelo filho do presidente, Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), na esteira da prisão de um militar que acompanhava a comitiva presidencial ao encontro dos países do G20, no Japão. Nas redes sociais, o vereador pelo Rio de Janeiro questionou o funcionamento do GSI.
“Por que acha que não ando com seguranças? Principalmente aqueles oferecidos pelo GSI? Sua grande maioria podem ser até homens bem intencionados e acredito que sejam, mas estão subordinados a algo que não acredito”, escreveu Carlos.
Carlos Fico, doutor em história social, analisa que o aumento de militares na administração pública se relaciona com a falta de quadros no PSL, partido do presidente, e não com uma militarização do governo.
“Eu avalio que ele recorreu aos militares nesse sentido, na obtenção do mínimo de quadros organizados, até porque as forças armadas, sobretudo o Exército, representam no Brasil esse segmentos mais conservadores”, afirmou.