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Por Redação O Sul | 7 de março de 2020
As exportações da China despencaram 17,2% nos meses de janeiro e fevereiro de 2020, em meio à epidemia de coronavírus que afeta a atividade econômica e desorganiza a rede de abastecimento de alimentos, informou a Alfândega chinesa.
Trata-se da maior redução das exportações do gigante asiático desde fevereiro de 2019, em plena guerra comercial com os Estados Unidos. As importações chinesas caíram 4% no primeiro bimestre de 2020, segundo dados oficiais.
O superávit comercial da China com os Estados Unidos – centro da disputa comercial entre os dois países – caiu 40% no primeiro bimestre do ano, de US$ 42 bilhões no ano passado para US$ 25,4 bilhões. A China registrou neste sábado (7) outros 28 mortos pela epidemia de Covid-19, elevando o total de vítimas fatais no país a 3.070, segundo o último boletim oficial.
De acordo com a Comissão Nacional de Saúde, nas últimas 24 horas foram identificados 99 novos casos confirmados de infecção, contra 143 na sexta-feira (6), mas se verificou um aumento de registros fora da província de Hubei, epicentro da epidemia.
Este último boletim informa 25 casos confirmados em outras províncias e regiões do país. Já os casos confirmados na província de Hubei mantém claramente a tendência de queda, como resultado das drásticas medidas de quarentena que envolvem dezenas de milhões de pessoas.
A Comissão também relatou 24 casos confirmados ‘importados’, número que reforça os temores sobre um eventual aumento da propagação da epidemia na China por pessoas procedentes do exterior. O número de infectados pelo mundo na noite desta sexta-feira era de 100.871, dos quais 3.459 morreram, em 92 países.
Poluição despenca
Satélites operados pela NASA e a Agência Espacial Europeia têm visto “diminuições significativas” de dióxido de nitrogênio tóxico sobre a China que estão “pelo menos parcialmente relacionadas com o abrandamento econômico após o surto do coronavírus”, de acordo com um comunicado de imprensa da NASA publicado neste fim de semana.
O dióxido de nitrogênio é o gás que sai dos carros, fábricas e usinas de energia e é conhecido por causar problemas respiratórios e outros efeitos negativos à saúde.
Porque, sim, caso ainda não tenha ouvido falar, o problema da poluição atmosférica na China é tão sério que é possível vê-lo do espaço. Os cientistas já chamaram a sua capital, Pequim, de “inabitável para os seres humanos” devido à má qualidade do ar, e a habitual nuvem de poluição da China – um subproduto da queima de grandes quantidades de combustível e carvão – é tão espessa e penetrante que mata milhares de pessoas todos os anos.
Os cientistas da NASA disseram que a queda se tornou evidente primeiro sobre a região de Wuhan, epicentro do surto de coronavírus, mas desde então tem se espalhado por outras áreas do país. Antes e depois, imagens de satélite mostram como o nível de dióxido de nitrogênio caiu rapidamente no mês passado, em comparação com o início de janeiro, antes de milhões de pessoas serem colocadas em uma espécie de bloqueio.
“Essa é a primeira vez que vejo uma queda tão dramática em uma área tão ampla para um evento específico”, disse Fei Liu, um pesquisador de qualidade do ar do Centro de Vôos Espaciais Goddard da NASA, em uma declaração. Muitas empresas chinesas fecham para as celebrações do Ano Novo Lunar e os cientistas costumam ver a poluição no país diminuir nessa época do ano. No entanto, as taxas de 2020 estão entre 10% e 30% abaixo da média quando comparadas com medições semelhantes feitas entre 2005 e 2019.
“Esse ano, a taxa de redução é mais significativa do que em anos anteriores e tem durado mais tempo”, continuou Liu. “Não me surpreende porque muitas cidades do país tomaram medidas para minimizar a propagação do vírus”.
Embora a notícia de que um país tenha reduzido as suas taxas de poluição seja normalmente algo para se comemorar, esse não é o caso. Até agora, o coronavírus atingiu 58 países, com quase 90.000 casos registados. A doença respiratória foi responsável por mais de 2.800 mortes na China e mais 104 em todo o mundo.