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Mundo Testes com cloroquina causam corrida a hospitais e dividem médicos na França

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A doença já matou mais de mil pessoas na França. (Foto: Reprodução)

A utilização da hidroxicloroquina por hospitais públicos no Sul da França em pacientes diagnosticados com o novo coronavírus, antes da conclusão de testes científicos mais amplos no país, está provocando grande polêmica entre pesquisadores, médicos e políticos em meio ao combate da pandemia, que já matou mais de mil pessoas na França.

No domingo (22), uma equipe comandada pelo professor Didier Raoult, diretor do Instituto Hospital Universitário Méditerranée Infection de Marselha, anunciou o uso da hidroxicloroquina — utilizada no tratamento de artrite reumatoide e da lúpus — em todos os pacientes infectados pelo novo coronavírus.

No tratamento, a hidroxicloroquina, um derivado da cloroquina (usada para combater a malária), é associada ao antibiótico azitromicina, conforme um estudo clínico publicado na semana passada pelo professor Raoult. A pesquisa revelou uma diminuição, em apenas seis dias, da carga viral de pacientes com Covid-19 que receberam esses dois medicamentos.

“Nós pensamos que não é moral que essa associação (de remédios) não seja incluída sistematicamente nos testes terapêuticos referentes ao tratamento da Covid-19 na França”, afirmam os médicos do hospital de Marselha em um comunicado.

Desde domingo, filas com centenas de pessoas têm se formado em frente ao hospital de Marselha dirigido por Raoult, que também passou a fazer testes em todas as pessoas que apresentassem algum sintoma do novo coronavírus.

Até o momento, por falta de material disponível, as autoridades de saúde da França limitavam os testes a pacientes com sintomas graves e ao pessoal médico. O governo anunciou na terça-feira (24) que os exames no país serão multiplicados em breve.

Em Nice, o Centro Hospitalar Universitário também já está realizando o tratamento de pacientes com base no estudo publicado por Raoult.

“Quando a guerra é declarada, não temos tempo de ficar fazendo testes em ratos durante seis meses”, diz o prefeito de Nice, Christian Estrosi, infectado pelo novo coronavírus e que está usando a hidroxicloroquina.

Ele autorizou o hospital de Nice a aplicar o tratamento preconizado por Raoult, com o consentimento das famílias dos pacientes, e afirmou desejar que ele seja generalizado em toda a França para combater a pandemia.

Diante das divisões provocadas na França em relação à eventual eficácia do medicamento e aos possíveis efeitos colaterais, como arritmia cardíaca, o Alto Conselho Científico da França recomendou, nesta semana, utilizar a cloroquina e a hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 apenas em casos severos de pacientes hospitalizados, após decisão de um junta médica e sob rigoroso monitoramento — no Brasil, a mesma medida foi anunciada na quarta-feira (25) pelo Ministério da Saúde.

Os dois hospitais do sul da França, continuam, no entanto, receitando a hidroxicloroquina associada ao antibiótico. Questionado pela BBC News Brasil, o instituto Mediterrannée Infection de Marselha não soube informar quantas pessoas já receberam o tratamento desde domingo.

No atual contexto de urgência sanitária, vários políticos franceses têm pressionado o governo para que o país “não fique atrasado” e utilize a hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus.

Enquanto alguns desejam acelerar o processo e administrar o medicamento de forma ampla, cientistas e autoridades sanitárias pedem cautela, ressaltando que os estudos do professor Raoult são preliminares e que até o momento não há comprovação científica da eficácia da hidroxicloroquina.

Apesar do estudo do professor Raoult ser considerado promissor, também pelo ministro da Saúde francês, muitos cientistas do país alertam que ele foi realizado com um pequeno grupo, de apenas 24 pessoas, e denunciam métodos pouco rigorosos e até possíveis falhas na metodologia da pesquisa.

A virologista Françoise Barré-Sinoussi — prêmio Nobel de Medicina pela sua participação na descoberta do vírus HIV, da Aids, e que preside um segundo conselho científico que assessora o governo francês, criado na terça-feira, no combate à Covid-19 — ressalta que o estudo de Marselha foi realizado com um pequeno número de pacientes e tem problemas de metodologia.

“É absolutamente indispensável que o teste desse medicamento seja realizado com rigor científico para obter uma resposta sobre sua eficácia e eventuais efeitos colaterais. Precisamos ter algo sério. Isso não é como Doliprane (paracetamol), há riscos cardíacos. Não é prudente propor isso a um grande número de pacientes nesse momento, já que não temos resultados confiáveis”, afirmou Barré-Sinoussi em entrevista ao jornal Le Monde.

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