Quinta-feira, 23 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de junho de 2020
Advogado Frederick Wassef afirmou que é vítima de uma armação. Ele negou ter trocado mensagens com Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio que foi preso em um imóvel de propriedade de Wassef em Atibaia, no interior de São Paulo. Segundo o advogado, a intenção das investigações é “incriminar o presidente”.
As declarações foram dadas ao jornal “Folha de S.Paulo”, em que Wassef negou ainda ser o “Anjo” que deu nome à operação do Ministério Público do Rio de Janeiro que culminou na prisão de Queiroz, na última quinta-feira. O apelido de Wassef entre o clã bolsonarista, “Anjo”, batizou a operação que levou Queiroz à prisão.
Fabrício Queiroz é investigado por um suposto esquema de devolução de salários de funcionários do gabinete, com envolvimento do então chefe, Flávio Bolsonaro, na época em que ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Wassef negou que tenha dado abrigo a Queiroz por um ano e mantido contatos com a família dele. O advogado também saiu em defesa do presidente Jair Bolsonaro, de quem é amigo. “Nunca telefonei para Queiroz, nunca troquei mensagem com Queiroz nem com ninguém de sua família. Isso é uma armação para incriminar o presidente”, disse o advogado ao jornal.
Segundo Wassef, o imóvel em Atibaia, onde o policial militar aposentado foi preso e que tinha uma placa de seu escritório de advocacia, estava em obras. Ele afirmou que um malote encontrado no local foi “plantado”. Mas não explicou o que Queiroz fazia no imóvel.
“Meu escritório estava em obras. Os móveis estavam do lado de fora. Não tinha nada lá. Vi na TV que encontraram um malote. Isso foi plantado”. Em outro trecho, disse que não escondeu ninguém. “Estão me atribuindo coisas que não fiz”, declarou o advogado.
Tanto Wassef quanto Flávio disseram, nos últimos meses, que não tinham conhecimento do paradeiro de Queiroz. Segundo os investigadores, o advogado era chamado de “Anjo” na família de Bolsonaro e pessoas próximas, batizando a operação.
Troca de advogado
Flávio já vinha sendo aconselhado a trocar Wassef, especialmente após a operação de quinta-feira que descobriu Fabrício Queiroz no imóvel. As pressões pela substituição também chegaram ao presidente Jair Bolsonaro, por meio de aliados. Segundo informou O Globo no sábado, o mais provável é que a advogada Luciana Pires, que já defende o senador em causas eleitorais, assuma o processo.
A sugestão dos aliados a Bolsonaro era de convencer Flávio a trocar Wassef por um advogado que tenha trânsito e influência no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). No caso do TJRJ, o objetivo é enfraquecer a investigação, mas mirando também a possibilidade de a investigação subir para o STJ.
Wassef é amigo de Bolsonaro e gosta de mostrar proximidade com a família do presidente. Ele é advogado também do próprio Bolsonaro no caso da facada que recebeu de Adélio Bispo durante a campanha eleitoral de 2018.
O advogado tornou-se um frequentador habitual do Palácio do Planalto e do Palácio da Alvorada. A última ida ao Planalto ocorreu na quarta-feira, véspera da prisão de Queiroz, quando Wassef participou da posse de Fábio Faria como ministro das Comunicações. Nem todas as visitas a Bolsonaro constam da agenda oficial do presidente.