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Saúde HIV: a vergonha ainda é um dos principais motivos para os brasileiros não se testarem

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Segundo pesquisa, ainda há pouca informação sobre os tipos de diagnóstico do vírus HIV. (Foto: Reprodução)

O mundo lida com a aids há décadas, mas o estigma e os tabus envolvendo a doença causada pelo vírus HIV ainda permanecem – e facilitam que mais pessoas sejam contaminadas. É o que mostra uma pesquisa produzida no Brasil e publicada no primeiro semestre de 2020 pela empresa norte-americana de tecnologia médica OraSure Technologies.

O objetivo do estudo era entender o conhecimento dos brasileiros sobre a transmissão e proteção do vírus HIV. O responsável por coordenar o trabalho foi o infectologista Ricardo Vasconcelos, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Em março, Vasconcelos e sua equipe ouviram 2035 pessoas de todas as regiões do país, com mais de 15 anos idade e acesso à internet.

Os resultados preocupam: cerca de 66% dos entrevistados disseram que não acreditam ter probabilidade de se infectar no próximo ano e 28% consideram esse risco baixo. Embora os casos de aids no Brasil venham caindo nos últimos anos, a doença ainda está entre nós. De acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV e Aids 2018, a média anual de novos casos entre 2013 e 2017 foi de 40 mil no país. “Há a percepção equivocada de que o HIV é algo que vai atingir o outro, e não a nós mesmos. Não são todas as pessoas que entendem que estão vulneráveis e podem se prevenir”, analisa Vasconcelos.

As consequências do estigma

Dentre os problemas causados por essa falsa ideia, está o abandono de cuidados, evidenciado na pesquisa da OraSure. Apenas 48% dos entrevistados afirmaram que usam sempre a camisinha em suas relações sexuais. Outros 23% a utilizam às vezes e 29% assumem que nunca nunca vestem o preservativo.

Os tabus também podem afetar a saúde psicológica e a convivência social das pessoas. A pesquisa mostra que, para 69% dos entrevistados, se alguém disser que tem o vírus HIV, “ninguém vai querer ficar por perto”. Já 70% consideram que é difícil falar sobre isso com família e amigos.

Teste também é tabu

O exame de diagnóstico também é deixado de lado com frequência: embora 81% dos participantes tenham feito exames médicos nos últimos 12 meses, somente 44% testaram para infecções sexualmente transmissíveis. Segundo 86% dos respondentes, vergonha é uma das razões para não fazerem o teste de HIV.

Quando perguntados sobre a intenção de se testarem nos próximos 12 meses, apenas 40% dos respondentes declararam ter essa meta. “É uma utopia acreditar que 100% das pessoas vão usar camisinha em todas as relações. Exatamente por isso a ciência criou outras tecnologias de testagem e prevenção do HIV”, avalia o professor da USP.

Entre as inovações dos últimos anos estão os autotestes que utilizam apenas saliva para detectar a presença do vírus da aids. Aprovados em 2012 pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, e em 2017 pela Anvisa, eles podem ser comprados por qualquer pessoa em farmácias.

A OraSure Technologies é pioneira nesse modelo e, este ano, está relançando seu produto no Brasil. O kit é composto por uma haste de coleta e um tubo com solução. O método é simples: basta passar a haste na gengiva e deixá-la no tubo durante 20 minutos, de acordo com as instruções do fabricante.

A pesquisa mostra que o autoteste ainda é pouco conhecido por aqui: apenas 13% o conheciam. E, sabendo da novidade, 61% disseram que se testariam no próximo ano usando a tecnologia. “As ferramentas para fazer com que seja o HIV seja evitado já existem, o que falta é o acesso à informação e a essas tecnologias. Para isso, é preciso se desprender dos preconceitos, do conservadorismo e falar sobre o tema abertamente”, pontua Vasconcelos.

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