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Mundo A assombrosa história da espanhola que planejou “filha perfeita” e depois a matou

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Aurora Rodríquez Carballeira era tida como intelectual brilhante; a filha, Hildegart, que tinha 18 anos quando morreu, uma jovem prodígio. (Foto: Reprodução)

Na madrugada de 9 de junho de 1933, Aurora Rodríguez Carballeira acordou em sua casa em Madri, na Espanha, tomou banho, vestiu-se e mandou sua empregada levar os cachorros para passear. Imediatamente em seguida, assassinou a própria filha.

Ela atirou à queima-roupa enquanto a filha dormia, três vezes no rosto e uma no peito. E, calmamente, foi visitar seu amigo e advogado José Botella Asensi.

“Vim contar que matei minha filha, para que você não pense que estou maluca e para que me diga o que tenho que fazer”, confessou ela, relatando todos os pormenores, sem omitir nenhum detalhe que pudesse inocentá-la. Em nenhum momento, negou sua responsabilidade.

O assassinato comoveu a Espanha — e não só pela “falta de causas lógicas, se é que pode haver lógica em um assassinato da própria filha”, nas palavras do jornal espanhol La Tierra.

Até aquele dia, a assassina era “o modelo do que poderia ter sido a mulher espanhola: autossuficiente, extremamente culta e inteligente, uma intelectual brilhante que não se esquiva da esfera pública”, segundo a escritora Almudena Grandes, cujo romance La madre de Frankenstein (“A mãe de Frankenstein”, em tradução livre) é baseado em Aurora Rodríguez — que era, na opinião dela, uma mulher “fascinante”.

Hildegart

Em 9 de dezembro de 1914, Aurora deu à luz a filha que desejava. Deu a ela o nome de Hildegart. Antes de completar dois anos de idade, Hildegart já sabia ler e, aos três, já escrevia. Aos oito anos, falava inglês, francês e alemão.

“O que a menina estudava eram temas concretos, pois tudo era encaminhado para que se tornasse uma superdotada para redimir a humanidade”, segundo Domingo.

Aos 13 anos, Hildegart Rodríguez já era formada com excelentes qualificações e, aos 14, começou a estudar Direito, com uma licença especial devido à sua pouca idade. Foi nessa época que ela também entrou na vida pública e política, como militante socialista (e, posteriormente, republicana).

Segundo a escritora Rosa Montero, que incluiu a história de Aurora e Hildegart Rodríguez no seu livro Nosotras (“Nós, mulheres”, em tradução livre), Aurora “treinou-a desde o berço com mãos de ferro de uma domadora circense, até convertê-la em um exemplar anômalo e excepcional, uma pobre menina prodígio”.

Aos 17 anos, ela terminou a faculdade de direito com louvor e começou mais duas: medicina e filosofia e letras.

Nessa época, Hildegart já era famosa. Feminista de vanguarda, ela defendia conceitos como educação sexual, controle da natalidade, esterilidade e divórcio, e escrevia ensaios sobre temas variados, de “A rebeldia sexual da juventude” até “Malthusianismo e neomalthusianismmo”, passando por “Como curar e evitar as doenças venéreas”.

Em 1932, Hildegart foi uma das fundadoras da Liga Espanhola para a Reforma Sexual com Bases Científicas, em conjunto com o famoso médico e cientista Gregorio Marañón.

Mas ela pagou um preço alto por suas conquistas.

“Não tive infância”, declarou certa vez Hildegart Rodríguez ao jornalista Eduardo de Guzmán, autor do livro Aurora de Sangre (“Aurora de sangue”, em tradução livre).

O motivo

O que teria levado Aurora a matar “a menina na qual depositei todas as minhas ilusões sobre a mulher com quem sonhava com espírito messiânico, com impulsos sobre-humanos, capaz de traçar novos caminhos para os homens oprimidos e escravizados”, como diria no seu julgamento? Por que fazê-lo se, segundo ela, “sua morte era, em grande parte, meu fracasso”?

Diversas pessoas imaginaram que talvez tenha sido porque Hildegart havia se apaixonado, o que, para Aurora, colocaria em risco a missão da sua vinda à Terra. Entre os candidatos a seus namorados secretos, estavam um cientista norueguês, um escultor que fazia um busto de Hildegart e um escritor e político de Barcelona, na Espanha.

Outros acreditam que não tenha sido por amor, mas sim porque o escritor H. G. Wells e o sexólogo Havelock Ellis a haviam convidado a passar uma temporada na Inglaterra e, na mente de Aurora, isso era parte de uma conspiração para torná-la uma agente secreta e prostituí-la.

Ou talvez tenha sido por desentendimentos políticos, ou porque Hildegart se cansou de sua mãe e quis emancipar-se. Ou simplesmente porque teve vontade de sair para ver o mundo.

Todas essas hipóteses e outras mais foram e continuaram sendo analisadas, mas, para Carmen Domingo, Aurora assassinou sua filha “porque era fruto da época em que viveu, das suas circunstâncias e da sua patologia”.

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