Segunda-feira, 29 de abril de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
20°
Light Rain with Thunder

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil A autossuficiência em vacinas ainda é desafio para o País

Compartilhe esta notícia:

A meta é alcançar até o início de 2022. (Foto: Giulian Serafim/PMPA)

O Brasil almeja alcançar a autossuficiência na produção de vacinas contra a covid-19 até o início de 2022. A meta é factível, desde que não haja atrasos na transferência de tecnologia para o Instituto Butantan, em São Paulo, e para a Fiocruz, no Rio. Além disso, duas vacinas de desenvolvimento e produção inteiramente nacionais estão em fase pré-teste. Foram prometidas já para o fim de 2021.

O grande desafio, segundo especialistas, será conseguir manter o desenvolvimento tecnológico necessário à adaptação dos imunizantes a eventuais novas variantes do Sars-CoV-2. Na terça-feira (23), em cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente Jair Bolsonaro prometeu que até o fim de 2021 o País será autossuficiente na produção da CoronaVac e da vacina de Oxford. Ambas já são feitas no Brasil. Mas sua base é Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) importado. Ter a capacidade prometida por Bolsonaro significa que o Brasil já terá concluído os processos de transferência de tecnologia. Será ainda capaz de produzir todos os ingredientes em território nacional. Também terá capacidade de fabricar imunizantes suficientes para toda a população brasileira.

A Fiocruz ainda discute com a Universidade de Oxford/Astrazeneca a assinatura do contrato de transferência de tecnologia. Garante, porém, que a informação já é compartilhada. A instituição conclui as obras de novas instalações industriais para produzir os IFAs. O Instituto Butantan já assinou o contrato com a chinesa Sinovac. Mas também depende da conclusão de um laboratório de nível de segurança 3. É necessário à produção de IFA.

“É um processo muito complexo, mas estamos mantendo o cronograma”, garantiu o diretor da fábrica de Biomanguinhos, da Fiocruz, Mauricio Zuma. “Estamos num trabalho muito intenso, vamos concluir as adequações (da planta) até abril e vamos concluir também a transferência de tecnologia; no segundo semestre estaremos distribuindo a vacina.”O gerente de Parcerias Estratégicas e Novos Negócios do Instituto Butantan, Tiago Rocca, também está otimista. “A expectativa é de concluirmos a obra até o fim de setembro para, a partir daí, começarmos a qualificar os equipamentos e operacionalizar a fábrica para já estarmos produzindo em 2022”, disse. “O tempo que estamos seguindo agora é o da obra; até o momento não tivemos nenhum atraso.”

Outros especialistas ouvidos pelo Estadão não se mostraram tão otimistas. “Obra é complicado”, declarou o médico sanitarista Gonzalo Vecina, um dos fundadores da Anvisa. “O cronograma é bem apertado, mas se ele estiver sendo rigorosamente cumprido deve funcionar. A transferência de tecnologia vai ocorrer, não tenho nenhum receio disso.”

O virologista Flávio Guimarães, pesquisador do Centro Tecnológico de Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acha o cronograma pouco realista. “Não se trata de julgar a capacidade técnica dos profissionais do Butantan e da Fiocruz, eles são extremamente capacitados e competentes”, afirmou. “O problema é que não basta ter capacidade técnica, é preciso um grande investimento estrutural. O Butantan tem de construir um laboratório de nível de segurança 3 (algo que não existe no Brasil), e Biomanguinhos tem que adaptar um parque industrial para produzir uma vacina jamais feita no Brasil. Vamos ter essa estrutura? Isso me parece irreal diante do que temos hoje.”

A epidemiologista Carla Domingues, que já foi coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), também está pessimista. “Infelizmente, acho que eles são muito otimistas”, disse. “As experiências que temos com transferência de tecnologia é de muito mais tempo. Porque não é só deter o conhecimento. É preciso ter as fábricas prontas, todo o processo de produção do IFA funcionando, o envase, a rotulagem. Mas estou torcendo por eles.”

tags: em foco

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

84% querem se vacinar no País, diz o Senado
O ministro da Saúde diz que o governo federal distribuirá 11 milhões de vacinas aos estados na semana
https://www.osul.com.br/a-autossuficiencia-em-vacinas-ainda-e-desafio-para-o-pais/ A autossuficiência em vacinas ainda é desafio para o País 2021-03-28
Deixe seu comentário
Pode te interessar