Terça-feira, 30 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de abril de 2021
A venda da participação da Caixa no Banco Panamericano marca o fim de um investimento tortuoso e nunca completamente esclarecido. Na Operação Conclave, realizada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2017, a transação foi descrita como a “aquisição criminosa de um banco falido por um banco público”.
Com a valorização do Pan nos últimos anos, a Caixa estima que sairá do negócio com um lucro de R$ 2,024 bilhões, mas durante muito tempo o ativo deu prejuízo para o banco estatal – e, por tabela, para o contribuinte brasileiro. A instituição financeira anunciou nesta terça-feira que firmou acordo com o BTG Pactual, com quem dividia o controle do Pan, por R$ 3,7 bilhões, ou R$ 11,42 por ação.
A história da Caixa no Pan começou em 2009, quando o banco estatal comprou uma participação de 35% no então Panamericano, pertencente ao Grupo Silvio Santos, por R$ 740 milhões (em valores da época). O acordo foi anunciado no fim daquele ano e aprovado pelo Banco Central (BC) em julho de 2010.
Apenas quatro meses depois da aprovação, o Panamericano anunciou um rombo contábil que chegou a R$ 4,3 bilhões. Naquele momento, entrou em cena o BTG Pactual, que era presidido por André Esteves. Em janeiro de 2011, o banqueiro levou a fatia de Silvio Santos no banco por R$ 450 milhões, numa operação financiada pelo Fundo Garantidor de Créditos (FG
Em delação premiada, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci afirmou que houve uma “parceria informal” entre o BTG e o governo brasileiro e acusou Esteves de ter informações prévias sobre a situação do Panamericano. As acusações, porém, nunca foram provadas.
A Caixa chegou a anunciar que realizaria uma oferta de ações na bolsa, mas havia um processo de “dual track” e, no dia 31 de março, o BTG enviou proposta para adquirir a totalidade dos papéis, segundo a instituição estatal. O BTG tinha direito de preferência para a compra das ações e, caso fosse à bolsa, cogitava adquirir apenas a fatia necessária para ter o controle.
A Caixa já havia vendido em bolsa a totalidade das ações preferenciais do Pan, considerado um ativo não estratégico para o banco estatal. A primeira venda foi realizada em setembro de 2019, a R$ 8,43 por ação. Com a venda das ON, a Caixa terá lucro líquido estimado em R$ 1,601 bilhão. As informações são do jornal Valor Econômico.