Quarta-feira, 01 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de julho de 2019
Pela circulação do mosquito vetor da febre amarela no Brasil, tudo indica que a doença deve chegar ao Rio Grande do Sul ainda neste ano. Essa projeção fez com que a SES (Secretaria Estadual da Saúde), por intermédio do Cevs (Centro Estadual de Vigilância em Saúde), começasse a deflagrar uma estratégia de vacinação em todo o território gaúcho, especialmente na área rural.
A doença infecciosa, febril e aguda, é causada por um vírus e tem dois ciclos de transmissão: urbano (dentro das cidades) e silvestre (quando há transmissão em zonas rurais ou de floresta). Chefe da Divisão Epidemiológica do Cevs, Tani Ranieri, chama a atenção para o alto índice de letalidade da febre amarela: 40% a 45% dos casos evoluem para a morte do paciente.
Ela ressalta, ainda, a realização de um monitoramento constante no que se refere ao deslocamento dos mosquitos vetores nos chamados “corredores ecológicos”, que desceram por São Paulo, atingiram o Paraná e já estão em Santa Catarina. “É provável que, a partir de setembro, seja identificada a sua entrada no Rio Grande do Sul”, lamenta.
A última morte de animais silvestres pela doença no Estado foi registrada no período 2008-2009, quando houve o maior número de casos em primatas e humanos. O acompanhamento é feito durante o ano todo e a vacina é recomendada, para a prevenção, em todo o Estado. “Neste momento, estamos mais preocupados com a população rural, que é de extremo risco”, salienta Tani.
Características
Segundo a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), geralmente as primeiras manifestações da doença são repentinas: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. Contrai a doença quem não recebeu a vacina ou nunca foi infectado antes.
A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso. A maioria dos infectados se recupera bem e adquire imunização permanente contra a doença.
Embora o vírus e a evolução clínica sejam praticamente os mesmos nos diferentes cenários, a diferença está apenas nos transmissores: enquanto no meio urbano a transmissão ocorra pelos mosquitos Aedes aegypti (o mesmo da dengue e outros males) e Aedes albopictus, no ambiente rural e silvestre, em áreas florestais o vetor é principalmente o Aedes Haemagogus e Aedes Sabethes.
Vacinação
Em meio a esse quadro preocupante, há duas boas notícias: a vacina é oferecida pelas unidades de saúde do Rio Grande do Sul e quem já recebeu a dose está imunizado para toda a vida. Também não deixa de ser positivo o fato de que a cobertura vacinal abrange atualmente 67% da população gaúcha.
Tani Ranieri explica que a transmissão da febre amarela não ocorre de pessoa para pessoa ou do primata (macaco) para pessoa. A exemplo do que ocorre com a dengue, a doença é adquirida exclusivamente pelo mosquito vetor.
(Marcello Campos)