Segunda-feira, 29 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 8 de abril de 2018
Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Luis Roberto Barroso e Luiz Fux, e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, falaram nos Estados Unidos sobre corrupção, impunidade e fake news. Eles participaram da Conferência sobre o Brasil, em Boston, que rendeu homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio, no mês passado. “Gostaria de pedir um minuto de silêncio em memória da Marielle Franco”, disse um participante da conferência.
“Ela deveria estar sentada nesta mesa, em uma discussão sobre a renovação política no Brasil em 2018 que juntou novas lideranças de vários espectros políticos.”
A conferência em Boston é organizada por alunos de Harvard e do MIT, duas das universidades mais renomadas do mundo. Eles reuniram grandes nomes públicos da economia, política e movimentos sociais brasileiros para discutir a situação do Brasil.
Uma palestra sobre a Operação Lava-Jato reuniu a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso.
Dodge disse que o Brasil vive um grande momento de insegurança jurídica, que existe uma percepção popular de impunidade seletiva.
“Há no Brasil muitas infrações graves, ministro Barroso, que não são nem investigadas. Há muitas infrações graves que são julgadas, mas os seus agentes não são punidos, as sentenças não chegam a ser cumpridas. Isso gera desconfiança sobre as decisões judiciais. Basta ver, para medir o nível de desconfiança, o elevado número de recursos que se sucedem no processo judicial, eternizando-o”, disse Raquel Dodge.
Barroso defendeu que o Brasil é vítima de um pacto oligárquico para saquear o estado brasileiro: “A corrupção que nós detectamos no Brasil não foi produto de falhas individuais e de pequenas fraquezas humanas. Ela, na verdade, fez parte de um esquema profissional de arrecadação de dinheiro e de distribuição de dinheiro, com grau de contaminação inacreditável, que envolveu empresas privadas, empresas estatais, agentes públicos, agentes privados, membros do Congresso, membros do Executivo, empresários… Num nível de contaminação que, verdadeiramente, foi estarrecedor”.
O ministro do STF, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luiz Fux, participou de uma mesa sobre a propagação de notícias falsas na internet.
“A fake news que interessa ao Tribunal Superior Eleitoral é a degradação da imagem da honra do outro candidato, é uma notícia falsa que visa a tirar o foco do debate político”, disse. “Mas isso é difamação, certo?”, perguntaram a ele. “Difamação, injúria, calúnia”.