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Ciência A espaçonave Cassini encontrou o seu destino ao se desintegrar na alta atmosfera de Saturno, após 13 anos explorando o famoso planeta

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Ilustração da Cassini entre Saturno e seus anéis. (Foto: Nasa)

Mais uma página foi virada na história da exploração espacial. A espaçonave Cassini encontrou seu destino ao se desintegrar na alta atmosfera de Saturno, após 13 anos explorando o famoso planeta dos anéis.

Num repente, o remoto sistema saturnino deixou de estar a meros 83 minutos-luz de distância para reassumir o remoto, e mais realista, 1,5 bilhão de km. As duas distâncias são equivalentes, claro. Mas a mudança de unidade denota a diferença entre ter uma espaçonave em órbita, capaz de fazer observações e transmiti-las para a Terra à velocidade da luz, versus ter de se contentar com observações telescópicas, com todas as limitações que elas têm. Nosso cordão umbilical com Saturno foi cortado.

Com toda a força de seus propulsores para manter sua antena de alto ganho apontada na direção da Terra, ela sobreviveu cerca de 30 segundos além do previsto – cerca de um minuto e meio, no total, entre o contato inicial com a atmosfera e a perda de sinal. Nada mau para uma entrada atmosférica a mais de 120 mil km/h.

A última transmissão foi recebida na estação de Camberra, na Austrália, às 8h55min46s (de Brasília). E o som do silêncio foi recebido de forma ambivalente no centro de controle do JPL (Laboratório de Propulsão a Jato) da Nasa, em Pasadena, na Califórnia. “Palmas e lágrimas”, sintetizou Linda Spilker, cientista-chefe da missão.

Nas palavras dos próprios pesquisadores, era a família Cassini que se desfazia ali – pessoas que já trabalham há décadas com a sonda, que teve seu planejamento iniciado em 1982, logo depois da passagem das sondas Voyager por Saturno.

Fruto de uma cooperação internacional entre a Nasa (agência espacial americana), a ESA (sua contraparte europeia) e a ASI (a agência italiana), a missão custou US$ 3,9 bilhões. E produziu cerca de 4.000 estudos – até agora.

A Cassini colheu dados científicos literalmente até o último segundo, como a conclusão apoteótica de uma etapa da missão apropriadamente batizada de Grand Finale.

Iniciada em abril, ela consistiu em 22 órbitas que levaram a Cassini mais perto de Saturno do que nunca. Arriscando uma colisão com partículas desgarradas dos anéis, ela se colocou, uma vez por semana, no estreito vão entre eles e o próprio planeta. Na derradeira passagem, um encontro distante com Titã, a maior das luas saturninas, produziu o suave puxão gravitacional que colocou a trajetória da sonda rumo a seu destino fatal – o interior da atmosfera do planeta.

A estratégia suicida foi a resposta a um dilema: que fim dar a uma sonda que, após 13 anos de sucesso, está ficando sem combustível? De certo modo, a Cassini foi vítima de seu próprio sucesso.

Não tivesse ela descoberto que tanto a lua gigante Titã (que, com 5.150 km de diâmetro, só não é planeta porque gira ao redor de Saturno, e não do Sol), como a pequenina Encélado (com um décimo do tamanho), têm oceanos de água líquida sob suas crostas geladas, não haveria razão para preocupação.

Com essas novidades, tornou-se imperativo garantir que bactérias terrestres que entraram de gaiatas na Cassini não tivessem chance de encontrar um novo lar nas luas potencialmente habitáveis de Saturno. E isso podia acontecer caso a sonda vagasse descontrolada e acabasse caindo numa delas. “Estudamos dezenas de alternativas”, disse Earl Maize, gerente do projeto da Cassini. “Pensamos até em mandá-la para fora do sistema, talvez para Júpiter ou para Urano. Mas essa seria uma missão que nem nós, nem nossos filhos veriam ser concluída.”

Outra possibilidade cogitada foi colocar a Cassini numa órbita bem larga, afastada de Saturno e do risco de colisão com alguma das luas. Mas somente a dramática solução do Grand Finale oferecia uma solução definitiva e a possibilidade de um grande feito científico.

Com os sobrevoos próximos de Saturno, a Cassini se tornou, na prática, uma nova missão. Os objetivos –ainda não concluídos– são elucidar a misteriosa estrutura interna do astro e descobrir a idade de seus belos anéis. Seriam eles tão velhos quanto o Sistema Solar, com seus 4,5 bilhões de anos, ou tão jovens quanto os dinossauros, com “apenas” 100 milhões de anos?

Nos dados ainda por analisar da Cassini podem estar essas respostas, assim como uma medição direta da composição atmosférica de Saturno. E, quem sabe, talvez eles também contenham a resposta a uma pergunta aparentemente trivial: quanto dura um dia saturnino?

Por incrível que pareça, os cientistas não sabem. Medições da própria Cassini tomadas em 2004 sugerem que a medida de rotação aumentou de 10,6 para 10,8 horas. Ninguém explica a variação. (Folhapress)

 

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