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Colunistas A estupidez e os abismos da convivência

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A estupidez é a recusa em usar a inteligência emocional e a sensibilidade que nos faz humanos

Foto: Divulgação
A estupidez é a recusa em usar a inteligência emocional e a sensibilidade que nos faz humanos. (Foto: Divulgação)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A estupidez, essa sombra que paira sobre as relações humanas, não é apenas um simples deslize, é algo tóxico que abala as relações interpessoais. Ela é um fio solto que, se puxado, desmancha laços, corrói afetos e abre abismos onde antes havia pontes.

Mas o que é, afinal, a estupidez? Não se trata apenas de burrice emocional, é uma questão de educação.

A burrice é a ausência da capacidade de raciocínio, muitas vezes promovida pela falta de conhecimento. Já a estupidez é a recusa em usar a inteligência emocional e a sensibilidade que nos faz humanos.

É o marido que, exausto, chega em casa e encontra a esposa cobrando algo em tom áspero e, em vez de ouvir, retruca com rispidez, em tom igual ou ainda mais alto que o da parceira, porque a conversa já iniciou no tom errado.

É o pai que acorda o filho com um grito, sem perceber que sua grosseria planta uma semente de mau humor e distância.

É o chefe que dá ordens como quem lança pedras, minando a motivação de uma equipe inteira.

É o amigo que responde com frieza, erguendo muros onde antes havia confiança.

Quantas vezes o tom, e não o conteúdo, transforma uma conversa em conflito? Às vezes, o modo de falar impressiona ou afeta muito mais do que o próprio conteúdo.

O marido não errou ao querer descanso após um dia difícil, a esposa não errou ao querer atenção, o pai não errou ao querer disciplina, nem o chefe ao buscar resultados. Mas o modo de falar fez toda diferença…

A estupidez é, portanto, uma escolha muitas vezes inconsciente de suas consequências, uma escolha de reagir sem pensar, de deixar a frustração falar mais alto…

Não podemos impedir o outro de ser estúpido, mas podemos escolher não revidar, não nos tornarmos espelhos de sua impulsividade.

Quando nos deparamos com a estupidez alheia, talvez devêssemos tentar chamar atenção de uma maneira mais acolhedora e até mesmo lúdica naquele momento, de modo que a pessoa perceba o que está fazendo.

“Calma, seu Saraiva! Eu já vou sair da frente da televisão, não precisa ficar tão bravo” — acompanhado de um belo sorriso.

Ou então: “Meu amor, eu prometo que eu faço o que você quer, mas eu preciso descansar agora, não faça como Vovó Naná, fica calma que depois eu faço uma massagem gostosa nos teus pés”.

A estupidez é coletiva e viral. Na política, vemos discursos que, em vez de unir, incitam ódio, cavando trincheiras entre iguais, tornando simples adversários em verdadeiros inimigos.

Nas redes sociais, o anonimato vira licença para o veneno, comentários ácidos e maldosos, cancelamentos sem reflexão, julgamentos que esquecem a humanidade do outro interlocutor.

No trabalho, líderes confundem autoridade com arrogância, esquecendo que inspirar é mais eficaz que mandar, muitas vezes perdendo sua equipe devido ao assédio moral.

E, assim, a estupidez se espalha, como um eco que ressoa em cada esquina de nossas vidas…

O impacto, muitas vezes, é invisível. Não percebemos as rachaduras que se formam em cada palavra ríspida e em cada silêncio cortante.

Casamentos se desfazem e amizades se perdem em meio a mal-entendidos nunca resolvidos. Filhos se afastam, levando consigo o vazio de palavras que nunca foram ditas com carinho…

A estupidez é um veneno lento, que corrói o que há de mais precioso: a conexão humana.

A solução para isso começa pela autoconsciência, aquele instante em que percebemos a raiva subindo, e que a resposta afiada está na ponta da língua, e mesmo assim escolhemos parar, respirar e pausar…

Se estou escrevendo sobre isso, é porque já passei por essas experiências, mas ao longo da vida adquiri sabedoria e inteligência emocional que me ajudaram a lidar com essas situações.

A sabedoria é o oposto da burrice e da ignorância: é o exercício de transformar o impulso em reflexão e o conflito em entendimento.

Nunca esqueça: a estupidez é um atalho para o abismo. Mas lembre-se que a gentileza também é um eco que volta multiplicado e pode começar com algo tão simples quanto um bom dia e um belo sorriso no rosto.

* Fabio L. Borges, jornalista e cronista gaúcho

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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