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Ciência A impressão 3D já ajuda a planejar cirurgias e a criar próteses sob medida no País

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Cientista mostra um coração criado em impressora 3D usando tecidos humanos. (Foto: Reprodução)

Quando a impressão 3D virou assunto no Brasil, nos anos 2000, parecia roteiro de ficção científica. A tecnologia veio dos setores industrial e automobilístico e mostrou, com o tempo, que podia ter impacto na vida real das pessoas.

Hoje, ela se expande em centros de pesquisa e startups ligadas a hospitais, que estudam — e aplicam — seus benefícios na área da saúde.

A impressão 3D já ajuda médicos no planejamento de cirurgias complexas, permite a criação de próteses, órteses e implantes personalizados e auxilia estudantes de Medicina.

O número de pedidos de registro de próteses customizadas é crescente. Já a impressão de tecidos e órgãos, a bioimpressão, parece longe, mas as pesquisas avançam por aqui.

As impressoras 3D entraram com força em áreas como ortopedia, oncologia e cardiologia. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o número de pedidos de análise de próteses feitas sob medida saltou de 39 em 2017 para 156 em 2018. E, só até o início de abril, já foram 85 neste ano.

“Isso mostra uma tendência no campo do desenvolvimento de produtos para a saúde. O tema já foi discutido em consulta pública pela Anvisa e deve avançar para regulamentação neste ano”, diz a agência, em nota.

Uma das áreas de maior expansão é a de customização dos dispositivos médicos. É também a de custo mais acessível no Brasil — protótipos podem ser desenhados em impressoras a partir de R$ 2.500. O material usado interfere no preço.

Na Hefesto, startup de saúde do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, uma equipe finaliza um protótipo alternativo ao gesso usado em fraturas de fêmur em crianças.

Boa impressão

“No tratamento dessas fraturas, é consenso o uso de um gesso que vai da barriga aos pés. Mas ele é pesado, difícil de ser higienizado, não raro acontecem complicações cutâneas. Estamos na fase final de um protótipo acessível, vazado e leve’, diz o ortopedista Ney Peres, cofundador da Hefesto.

O protótipo é impresso em material de garrafa PET. A ideia é que ele dê origem a produtos gerados no tamanho de cada paciente.

“A impressão 3D é a melhor maneira de customizar um produto para um paciente. Ainda há muitos caminhos abertos na área de Saúde”, diz Luiz Fernando Michaelis, ortopedista e cofundador da Hefesto.

Muitos médicos estão sendo formados nesse ambiente. Nos últimos anos, cadáveres usados no ensino de anatomia foram substituídos por manequins e, aos poucos, por estruturas impressas em 3D, diz Chao Lung Wen, da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

Ele coordena o projeto “Homem virtual”, que, além de defender o 3D na aprendizagem de médicos e simulação cirúrgica, produz próteses sob medida para cirurgias de cranioplastia.

“O 3D é uma tecnologia importante para repor um pedaço da calota do crânio. Reconstruímos um molde a partir de cortes tomográficos de exames de imagem. Essa prótese é essencial para o paciente não sofrer disfunção cerebral”, conta.

Antes, se usava o plástico polimetilmecrilato diretamente na área do crânio onde faltava o osso, o que gerava risco de convulsões.

Guia para operações

As estruturas em 3D também são usadas cada vez mais na preparação de cirurgias complexas e como guia para orientar direção e profundidade em operações minimamente invasivas, diz o professor da USP.

O mais comum era que as cirurgias se baseassem mais na análise de imagens radiológicas ou até em modelos de silicone, mas a precisão era outra.

“Principalmente na área oncológica, isso pode ser muito útil quando não se sabe a relação do tumor operado com outros órgãos. Através das imagens de tomografias ou ressonâncias e a reprodução em 3D é possível traduzir a imagem virtual em real, com um entendimento muito melhor”, diz o cirurgião Sidney Klajner, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo ele, a tendência é que a tecnologia impacte cada vez mais na saúde.

“A tecnologia permite inovar e trazer soluções para dentro do hospital. E isso acontece com impressão 3D, big data, inteligência artificial”, enumera.

O próximo desafio é a regulamentação de bioimpressoras 3D no Brasil. Já existem bioimpressoras que imprimem estruturas esponjosas que podem ser implantadas no corpo humano – usadas, por exemplo, para substituir cartilagem. Outras estruturas podem criar preenchimento para as fendas de ossos. Ou pele artificial para grandes queimados. Mas não existe um protocolo específico de uso para essa técnica no país. E essa é a parte mais cara da aplicação de impressão 3D na saúde.

No Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas, equipes realizam pesquisas na área para cirurgias da aorta e de próteses para fechar dilatações de vasos sanguíneos.

“A perspectiva é chegar à impressão de um vaso biológico, com tecido vascularizado com as células do próprio paciente. E, um dia, chegar a um coração”, diz Luiz Felipe Moreira, diretor do Laboratório Cirúrgico de Pesquisa de Cirurgia Cardiovascular do Incor.

 

tags: Brasil

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