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Por Redação O Sul | 6 de julho de 2018
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), considerado a inflação oficial do País, ficou em 1,26% em junho, registrando alta em relação à taxa de 0,4% verificada em maio, informou nesta sexta-feira (06) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Essa é a maior taxa para o mês desde 1995, quando o índice ficou em 2,26%.
Também é a primeira vez que o índice fica acima de 1% desde janeiro de 2016. Naquele mês, a taxa ficou em 1,27%. Em junho de 2017, a taxa havia sido de -0,23%. “Essa alta teve dois componentes principais: energia elétrica e a greve dos caminhoneiros, refletindo nos alimentos e nos transportes, especificamente nos combustíveis”, disse o gerente da pesquisa do IBGE, Fernando Gonçalves. Segundo o pesquisador, na maior alta anterior, de janeiro de 2016, o índice havia sido impactado pelos preços dos alimentos, que subiram em função dos efeitos na safra provocados pelo El Niño.
Grupos
Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, apenas Vestuário (-0,16%) apresentou deflação em junho, enquanto os demais variaram entre 0% (Comunicação) e 2,48% (Habitação). Os grupos Alimentação e Bebidas (2,03%), Habitação (2,48%) e Transportes (1,58%), que concentram, aproximadamente, 60% das despesas das famílias, foram os que mais influenciaram o IPCA de junho, com 1,18 ponto percentual de impacto.
Alimentação e Bebidas teve forte aceleração de maio (0,32%) para junho (2,03%), com variações entre 0,81% na Região Metropolitana de Belém e 2,87% na de Curitiba. Desde janeiro de 2016 (2,28%), o grupo não apresentava taxas acima de 2% e, para os meses de junho, desde 2008 (2,11%). A alta em junho foi reflexo da paralisação dos caminhoneiros ocorrida no final de maio, que também impactou o grupo Transportes (1,58%).
O grupamento dos alimentos para consumo no domicílio subiu 3,09%, após variar 0,36% em maio. As principais altas ficaram com a batata-inglesa (de 17,51% em maio para 17,16% em junho), leite longa vida (de 2,65% em maio para 15,63% em junho), frango inteiro (de -0,99% em maio para 8,02% em junho) e carnes (de -0,38% em maio para 4,60% em junho).
No grupo Habitação (2,48%), o destaque foi a energia elétrica, com alta de 7,93%, praticamente o dobro dos 3,53% de maio, e o maior impacto individual do mês (0,29 ponto percentual) no índice geral. Desde 1º de junho, está em vigor a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adicionou R$ 0,05 a cada kwh consumido.
O gás encanado aumentou 2,37% devido ao reajuste de 1,87% nas tarifas no Rio de Janeiro (0,17%), em vigor desde 1º de maio, e de 3,35% nas tarifas em São Paulo (6,13%), vigentes desde 31 de maio. O gás de botijão, com alta de 4,08% e 0,05 ponto percentual de impacto, variou entre -0,14% em Fortaleza e 12,58% em Campo Grande. Destaca-se também a alta de 1,10% na taxa de água e esgoto, influenciada pelos reajustes em Curitiba (5,12%), Salvador (4,09%), São Paulo (3,50%) e Recife (2,78%).
Nos Transportes (1,58%), a gasolina (5% e 0,22 ponto percentual) e o etanol (4,22% e 0,04 ponto percentual) contribuíram com, aproximadamente, 21% do IPCA de junho. As quedas de 5,66% no óleo diesel e de 2,05% nas passagens aéreas não tiveram impacto expressivo no índice. Juntos, os dois itens tiveram influência de -0,02 ponto percentual.
Ainda nos Transportes, a variação de 0,42% no ônibus urbano decorreu do reajuste de 9,72% na passagem no Rio de Janeiro (2,22%), em vigor desde 21 de junho. Em Porto Alegre (5,64%), houve alta de 0,66% nos ônibus intermunicipais, em razão do reajuste médio de 8,94% nas tarifas, em vigor desde 17 de junho. Em São Paulo (0,50%), o reajuste foi de 4,50%, vigente desde 18 de junho.