Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 1 de abril de 2021
O ministério das Relações Exteriores da Itália anunciou na quarta-feira (31) a “expulsão imediata” de dois funcionários da embaixada da Rússia envolvidos em um escândalo de espionagem entre os dois países.
“Convocamos o embaixador russo na Itália e comunicamos o firme protesto do governo italiano. Notificamos a expulsão imediata de dois funcionários russos envolvidos neste grave assunto”, escreveu no Facebook o chanceler italiano Luigi Di Maio.
O incidente diplomático teve início na terça-feira (30), quando um oficial da Marinha italiana foi detido em flagrante delito de espionagem ao entregar documentos confidenciais a um militar russo. Os dois se encontraram no que foi descrito pelas autoridades italianas como “reunião clandestina” em Roma.
A operação aconteceu sob a supervisão do serviço italiano de inteligência e o Estado-Maior de Defesa, segundo as forças de segurança. O oficial italiano foi identificado como um capitão de fragata, enquanto o cidadão russo se trata de um militar que trabalha na embaixada do país em Roma. Ele não foi oficialmente detido por sua condição de diplomata.
“Esperamos que o caráter positivo e construtivo de nossas relações permaneça e seja preservado”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. Ele disse ainda que a presidência russa “não dispõe de nenhuma informação sobre as causas e circunstâncias” do caso.
As prisões foram pedidas por promotores após uma longa investigação realizada pela inteligência italiana com o apoio dos militares, de acordo com a polícia. Uma testemunha disse que o capitão se chama Walter Biot e aceitou 5.000 euros (R$ 33 mil) em troca da informação. A agência de notícias Reuters não conseguiu contato com Biot, que estava sob custódia, e o nome do seu advogado não foi divulgado.
A agência de notícias italiana Ansa disse que documentos da Otan (aliança militar ocidental) estavam entre os arquivos entregues, o que levanta preocupações de segurança aos demais membros da aliança.
Biot, 54, é capitão de fragata, mas trabalhava no departamento do Ministério da Defesa encarregado de desenvolver a política de segurança nacional e de administrar parte das relações com aliados da Itália, afirmou à Reuters uma pessoa ligada à pasta.
Anteriormente, ele havia trabalhado na unidade de relações externas do ministério. Seu nome e foto aparecem na lista de contatos durante a presidência da União Europeia exercida pela Itália, em 2014.
“A acusação de espionagem contra oficiais italianos e russos mostra que devemos continuar a trabalhar em estreita colaboração com a Europa e os nossos aliados para melhorar constantemente os nossos meios de proteger a segurança e o bem-estar dos nossos cidadãos”, disse Di Maio.
Momento delicado
O escândalo acontece em um momento delicado para as relações entre Rússia e União Europeia, tensas pela detenção do opositor Alexei Navalni e por outros casos de espionagem.
Moscou acusa a União Europeia de ter uma “posição de conflito”, enquanto a UE culpa a Rússia por violação aos direitos humanos, assim como por frequentes “ataques cibernéticos” contra seus Estados membros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e das agências de notícias AFP e Reuters.