Mundo A Justiça do Paraguai também determinou a prisão de Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”
Por Redação O Sul | 4 de maio de 2018
A Corte Suprema de Justiça do Paraguai determinou nesta sexta-feira (4) a prisão provisória de Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”. Na decisão, o juiz penal de garantias Miguel Tadeo Fernandez endossa despacho da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que expediu mandados de prisão para Messer e outros 49 suspeitos de integrar um megaesquema de lavagem de dinheiro.
O magistrado paraguaio destaca que a prisão de Messer é requerida por supostos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e evasão de moeda corrente. Fernandez também determina que sejam levantados dados sobre antecedentes criminais de Messer no país.
A prisão de Messer também foi requerida no Paraguai porque é onde o doleiro vive atualmente. No entanto, não há garantias de que ele esteja no país. Messer também tem uma cobertura na Praia do Leblon, na Zona Sul do Rio. A localização do imóvel rendeu a ele o apelido entre doleiros de “Cagarras”, porque fica em frente ao arquipélago carioca.
Messer foi o principal alvo da Operação “Câmbio, Desligo”, deflagrada na quinta-feira (3) pelo MPF (Ministério Público Federal) e pela PF (Polícia Federal). Para os procuradores do MPF, o doleiro era o dono de um sistema online que conectava doleiros em 52 países.
Os investigadores dizem que para fazer as movimentações, esses doleiros utilizavam contas de 3 mil empresas “offshore”, em paraísos fiscais. Assim, o dinheiro movido pelos doleiros não chamava atenção das autoridades e também estava livre de impostos.
Na prática, o sistema atribuído diretamente a Messer funcionava como um banco clandestino de compensação, que conciliava interesses de clientes. Políticos e empresários podiam entregar reais aos doleiros, no Brasil, e receber em moeda estrangeira, lá fora. O contrário também podia ser feito: depositar dólares fora do país, e pegar reais aqui no Brasil.
No Radar da PF
Engenheiro por formação, Messer está no radar da PF há cerca de 30 anos, com citações em inquéritos policiais desde o fim dos anos 1980. Já naquela época, o doleiro aparecia como operador de personalidades do Rio. Por exemplo, Waldomiro Paes Garcia, o Miro, então patrono da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro.
Há 15 anos, a Comissão Parlamentar de Inquérito do Banestado também esbarrou em Messer. Foi descoberta uma movimentação de R$ 8 bilhões de forma irregular entre 1996 e 2002 ligada ao doleiro. Na ocasião, houve pedido de indiciamento de Messer, que não foi sequer preso.
Em mais um caso milionário, Messer acabou citado em depoimentos no esquema de envio irregular de US$ 33 milhões para o exterior por fiscais da Fazenda do RJ e auditores fiscais. O escândalo ficou conhecido como “Propinoduto”.
Já no escândalo do “Mensalão”, a PF apontou o doleiro como responsável por enviar US$ 1 bilhão de forma irregular para o exterior e entregar o dinheiro, em reais, no Banco Rural para integrantes do PT. O doleiro foi citado, ainda, em investigação acusado de ser dono de uma offshore no Panamá no caso do Swissleaks.
Messer também era “figurinha carimbada” no Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf. Pelo órgão, foram expedidos, pelo menos, cinco relatórios sobre o doleiro que atestavam irregularidades em transações financeiras entre 2010 e 2015.
Dois desses documentos foram enviados para a Polícia Federal, em 2012 e 2015, outro para a Polícia Civil do RJ em 2014 e mais um para a Receita Federal, em 2015. Uma unidade financeira no exterior também recebeu informações sobre Messer. O nome desta última é mantido sob sigilo pelo Coaf.
