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Mundo A Justiça italiana confiscou 1 bilhão e meio de euros em bens ligados à máfia

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O confisco é "um dos mais importantes da história judicial italiana", assinala um comunicado da Direção de Investigações Antimáfia. (Foto: Reprodução)

A Justiça italiana anunciou neste sábado (24) o confisco de bens, principalmente empresas, de valor aproximado de 1,5 bilhão de euros (R$ 6,4 bilhões). O montante pertence aos herdeiros de um homem morto em 2016 e considerado próximo do chefe mafioso Matteo Messina Denaro.

O confisco “é, provavelmente, um dos mais importantes da história judicial italiana”, assinala um comunicado da Direção de Investigações Antimáfia (DIA) sobre o arresto dos bens de Carmelo Patti, morto em janeiro de 2016, aos 81 anos.

Entre os bens confiscados estão empresas, sociedades imobiliárias, hotéis e estabelecimentos turísticos localizados em várias partes do país. A investigação, que durou meses, “colocou em evidência um desequilíbrio importante entre as receitas declaradas e os investimentos feitos por Patti”, aponta o comunicado.

“Além disso, permitiu estabelecer seus vínculos com personagens próximos ou pertencentes à família mafiosa de Castelvetrano”, dirigida pelo chefe mafioso Matteo Messina Denaro, considerado líder supremo da Cosa Nostra, máfia siciliana.

Denaro, 56, é procurado desde 1993 e considerado sucessor dos grandes chefes históricos da Cosa Nostra, Toto Riina e Bernardo Provenzano, mortos na prisão em 2016 e 2017. Ele foi condenado à prisão perpétua por assassinatos, mas sua única foto conhecida remonta ao começo da década de 1990.

Cosa Nostra

Os sicilianos estabeleceram um modelo para outras máfias. Os membros do grupo começaram a transmitir seus preceitos no século 19 e, a partir daí, cresceram em poder e sofisticação.

A Cosa Nostra, que significa algo como “assunto nosso” em tradução livre, é considerada a primeira máfia baseada em clãs familiares. Ela é famosa pelo omertà, um código de silêncio que serve para demonstrar lealdade total ao grupo. Quem o descumpre é considerado traidor e pode ser torturado ou morto. Casos de descumprimento das punições podem levar a castigos a famílias inteiras.

Os membros da Cosa Nostra continuam resolvendo disputas de negócios dessa forma, desafiando a autoridade das cortes italianas. Muitos sicilianos odeiam a máfia por causa do pizzo, uma forma de extorsão de comerciantes locais.

A Cosa Nostra ganhou notoriedade nos Estados Unidos ao conquistar territórios. Ela acabou por se tornar uma força no crime organizado em Chicago e Nova York. Seus membros ganharam muito dinheiro vendendo bebida alcoólica durante os anos de Lei Seca, na década de 1920.

O principal negócio da Cosa Nostra atualmente é o tráfico de heroína. Segundo o FBI, a organização criminosa nos Estados Unidos hoje pouco tem a ver com os clãs da Itália.

A palavra máfia é derivada do adjetivo siciliano mafiusu, que pode ser traduzido como “arrogante” ou “audaz”. O termo também é usado de maneira incorreta para qualquer quadrilha que se dedique ao crime.

Alguns clãs da máfia italiana operam de maneira global, concorrendo com outras, como a russa, a chinesa e a albanesa. Porém, algumas vezes essas gangues compartilham os crimes e os lucros. Ao mesmo tempo, a Cosa Nostra busca influenciar a política nacional, tanto na Itália como nos Estados Unidos.

A Cosa Nostra e outros três clãs familiares, que atuam em outras regiões da Itália – a Camorra, a Ndrangheta e a Sagrada Coroa Unida –, têm cerca de 25 mil membros, além de 250 mil filiados no mundo, segundo dados do FBI.

A Cosa Nostra entrou em guerra contra o Estado italiano quando seu líder era Salvatore Riina. Conhecido como “padrinho” e “Toto”, Riina assumiu seu comando em meados da década de 1970. Em maio de 1992, seus homens detonaram a bomba que matou o juiz Giovanni Falcone, sua mulher e seus seguranças. Falcone era responsável por uma série de processos contra a máfia.

Dois meses depois, capangas de Riina voltaram a atacar com explosivos e mataram o substituto de Falcone, além de cinco de seus seguranças. Riina morreu em novembro do ano passado, aos 87 anos, enquanto cumpria 26 sentenças de prisão perpétua por homicídios.

Buscando “diversificar” os negócios, a Cosa Nostra chegou a financiar projetos nos Estados Unidos. Uma investigação da BBC revelou em 2010 que investimentos em parques de energia eólica estavam entre os objetivos da organização.

A sociedade siciliana tem lutado contra a máfia com determinação. Um grupo antimáfia chamado Libera Terra coordena novos negócios, como hotéis, com dinheiro e propriedades apreendidos da máfia.

O professor Federico Varese, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, afirmou que a Cosa Nostra tem praticado extorsão em abrigos de imigrantes na Sicília. Por outro lado, além da repressão policial, algumas quadrilhas de imigrantes estão competindo com a máfia em algumas áreas, como a prostituição, disse Varese à BBC.

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