Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 20 de agosto de 2019
A moeda virtual do Facebook, a Libra, será objeto de discussão na Suíça. Nos próximos dias, uma delegação de parlamentares dos Estados Unidos irá ao país. As informações são do jornal O Globo.
Os seis congressistas vão se reunir com o comissário suíço de Informação e Proteção de Dados, Adrian Lobsiger, informou o jornal NZZ am Sonntag. A delegação americana será liderada pela deputada democrata Maxine Waters, que já criticou o projeto de criptomoeda da rede social de Mark Zuckerberg.
A Libra, que alguns analistas veem como uma catalisadora de crescimento econômico, foi recebida com ceticismo por legisladores e reguladores. Waters, que é presidente da Comissão de Serviços Financeiros da Câmara de Representantes dos EUA, comparou na semana passada o Facebook a duas companhias envolvidas em escândalos — a Wells Fargo e a Equifax — que são investigadas por causar prejuízos a consumidores.
Segundo ela, se a rede social lançar a Libra, poderá “comandar imenso poder” e quebrar governos e bancos centrais.
A deputada e outros democratas da comissão elaboraram leis para evitar que o Facebook siga com o projeto da Libra até que ela seja avaliada adequadamente. O executivo do Facebook David Marcus já afirmou que a empresa não seguirá adiante com a moeda virtual até que órgãos reguladores e governos estejam satisfeitos com a proposta.
Segurança: incógnita
Desde que o misterioso Satoshi Nakamoto escreveu o white paper do bitcoin, há uma década, surgiram milhares de criptomoedas, com diferentes funções. De acordo com o site CoinMarketCap, existem mais de 2.000 moedas eletrônicas, que somam valores de R$ 1 trilhão. Mesmo assim, elas continuam restritas a um público pequeno de investidores que arriscam ganhos altos com a volatilidade ou para transações obscuras no submundo da internet. Para especialistas, a Libra, apresentada em junho a pelo Facebook com parceiros de peso, como Mastercard, Visa, Uber e PayPal, tem potencial para mudar radicalmente este cenário e tornar as criptomoedas populares.
“O bitcoin validou o blockchain. Agora, o Facebook, com sua escalabilidade, vai validar as moedas eletrônicas. O lançamento está sendo muito bem visto pelo universo cripto”, avalia Simone Abravanel, diretora executiva do Pitaia Bank, fintech criada ano passado para fomentar a adoção das criptomoedas como forma de pagamento. “Essa moeda do Facebook veio para dar credibilidade para as moedas eletrônicas.”
A missão da Libra é desenvolver uma “moeda global simples e a infraestrutura financeira que empodere bilhões de pessoas. Reinventa o dinheiro, transforma a economia global, para que as pessoas possam viver melhor”. Ela será lançada ano que vem. O foco está nas 1,7 bilhão de pessoas — 31% da população mundial — que não têm acesso ao sistema bancário. O objetivo, dizem os criadores, é tornar a transferência de valores tão simples como o envio de uma mensagem de texto.
“Vemos isto como parte do cumprimento da missão do Facebook de conectar as pessoas em qualquer lugar e isto inclui permitir a troca de valores”, afirma Tomer Barel, vice-presidente da Calibra, subsidiária criada pelo Facebook para desenvolver uma carteira virtual para a Libra. “Muitos usuários do Facebook estão em países onde existem barreiras de acesso aos bancos ou ao crédito.”