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Ciência A neurociência explica porque pode ser difícil dar a real dimensão da tragédia da pandemia

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Alzheimer: estudo identifica a região do cérebro em que a doença começa a se desenvolver. (Foto: Reprodução)

Mais 330 mil mortos desde o começo da pandemia. Essa tragédia que vivemos todos os dias em números, nosso cérebro nem sempre consegue dar a real dimensão. E a explicação está na neurociência.

É da natureza do nosso cérebro se habituar. Caminhos que fazemos todos os dias, ficam automáticos. Até a dura trajetória de uma pandemia. Uma escalada diária no número de casos e mortes, mais de 300 mil vítimas.

“A realidade é sempre uma interpretação do meu cérebro, então o que acontece, como a gente percebe e como a gente interage com o ambiente, é por meio dos sentidos e os nossos sentidos são falhos”, explica a matemática e neurocientista Etienne Lautenschlager.

A neurociência explica porque pode ser difícil dar a real dimensão do momento que vivemos.

“Quando se trata de números grandes, nosso cérebro tem dificuldades pra entender”, diz Etienne.

“Essa quantidade, centena de milhar, é muito, muito fora das nossas proporções do cotidiano, da vida cotidiana”, comenta a neurocientista e professora Carla Tieppo.

Um estudo publicado na revista Nature traz evidências de que números entorpecem. Testes com receptores plugados ao cérebro captaram a atividade no córtex pré-frontal, onde fica a área da empatia. Diante de acontecimentos com uma só pessoa ela é bem mais ativada do que quando os analisados assistem eventos que envolvem um grupo grande.

O mundo cria representações que tentam dar dimensão à pandemia. No Brasil, imagens não faltam.

O cérebro só guarda em “seus arquivos” aquilo que vê ou sente concretamente, explicam os neurocientistas. É por isso que um universo de centenas de milhares de vítimas escapa da compreensão da mente humana. Porque nenhum de nós nunca viu ou verá esse número de pessoas que se foram com \a pandemia. Mas se a sequência de recordes trágicos da estatística pode não dar a devida proporção à realidade, a doença de uma única pessoa tende a nos fazer despertar.

A internação do marido com um quadro grave fez a Tatiana Leite entender a pandemia. “Quando você corre o risco de perder alguém da sua família, alguém que você ama, aí você vê que a coisa é muito complicada”, diz.

Para muitos a realidade tem se revelado na porta do hospital. A Alessandra de Jesus espera notícias da irmã que estava na UTI.

“Lá onde eu trabalho, eu quase não usava mascara né; agora eu não tiro a máscara mais, porque antes eu tinha a ciência do Covid, tinha, sabia que existia, mas enquanto não tinha chegado na minha família, eu não tinha tanto assim. Agora que eu vi que chegou na minha família, o negócio não tá pra brincadeira”, comenta.

A neurociência já provou que o cérebro pode enganar até que seja tarde demais. Mas agora que sabemos, podemos escolher outro destino.

“Confie na ciência, fique em casa, respeite o lockdown e quando as mortes começarem a baixar, a gente discute quem tinha razão e quem não tinha. Porque não dá mais pra gente apostar e colocar a vida em risco das pessoas desta forma. Os recursos estão se esgotando, o tempo é agora, não tem mais como é titubear”, alerta Carla Tieppo.

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