Sexta-feira, 13 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 9 de julho de 2018
A AGU (Advocacia-Geral da União) informou nesta segunda-feira (9) que o governo federal assinou um acordo de leniência com a construtora Odebrecht. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a empresa terá de devolver aos cofres públicos R$ 2,7 bilhões, em até 22 anos.
Desse total:
R$ 900 milhões: montante de propina paga pelo grupo a cerca de 150 agentes públicos;
R$ 1,3 bilhão: parte do lucro obtido nos contratos celebrados mediante corrupção;
R$ 442 milhões: multa.
Como o ressarcimento será pago ao longo de 22 anos, em parcelas anuais com correção pela taxa Selic, a AGU estima que ao final do período, o valor alcance R$ 6,8 bilhões.
Além do pagamento, a empresa se comprometeu a adotar uma política de integridade para evitar novas irregularidades nos contratos futuros com o poder público, que será acompanhada por técnicos do governo.
Segundo a ministra-chefe da AGU, Grace Mendonça, o acordo serve de parâmetro, para outros acordos de leniência. No total, foram analisados 49 contratos da Odebrecht com o governo federal e suas estatais.
“Considerando todo esse volume de informações, temos hoje maturidade para firmarmos acordo de leniência como política de Estado importantíssima de combate à corrupção”, disse.
Uma das cláusulas envolve o compromisso da Odebrecht em ressarcir cofres públicos de outros países em que atuava com suborno.
Entenda o acordo de leniência
Nesse tipo de acordo, a empresa reconhece os danos causados à administração federal por meio de práticas de corrupção e se compromete a reparar os danos causados, além de colaborar com as investigações. Em troca, a empresa obtém autorização do governo para fechar novos contratos com a administração pública.
O acordo com a Odebrecht, informou a AGU, é relacionado a “desvios de recursos da União e de empresas estatais federais”. Segundo a advocacia-geral, o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União também assinou o acordo.
Em 2016, a Odebrecht fechou acordo de leniência com os governos dos Estados Unidos e da Suíça. No acordo, a construtora admitiu ter pago mais de US$ 1 bilhão em propina em 12 países.
Até o momento, a AGU já firmou acordos com outras 4 empresas, com ressarcimento de R$ 636 milhões. Há outros 9 processos de negociação, com previsão de retorno de R$ 10 bilhões aos cofres públicos.
Delações de executivos
No ano passado, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, homologou as delações de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht no âmbito da Operação Lava-Jato. Com base nos depoimentos dos delatores, o relator da Lava-Jato, Edson Fachin, autorizou à época a abertura de 76 inquéritos para investigar políticos citados.
Um dos executivos que fecharam acordo de delação, o ex-presidente da construtora Marcelo Odebrecht ficou preso por mais de dois anos e foi solto em dezembro do ano passado.
Condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Marcelo Odebrecht – pelo acordo – teve de pagar uma multa de cerca de R$ 73 milhões e, assim, a pena dele caiu de 31 anos de prisão em regime fechado para 10 anos, com progressões de regime.
Em março deste ano, porém, a Procuradoria-Geral da República cobrou R$ 63 milhões do executivo, argumentando que ele havia depositado valor abaixo do estipulado. Na ocasião, a defesa de Marcelo Odebrecht afirmou que ele “sempre esteve à disposição da PGR” para discutir temas relativos à delação.