Mundo A Polícia de Londres, na Inglaterra, vai instalar câmeras de reconhecimento facial em tempo real
Por Redação O Sul | 25 de janeiro de 2020
Um dos mais famosos órgãos de segurança pública do mundo, a Polícia Metropolitana de Londres (Inglaterra) – anunciou que vai instalar câmeras dotadas com tecnologia de reconhecimento facial em tempo real. Caso o sistema identifique alguém que conste em listas de procurados ou foragidos, por exemplo, um alerta será gerado para que a realização da abordagem do suspeito.
De acordo com um comunicado oficial, as câmeras serão conectadas a uma base de dados não ligada a outros sistemas de monitoramento. O objetivo é ampliar e melhorar o combate a crimes graves como exploração sexual de crianças e ataques com uso de faca ou arma-de-fogo.
“A instalação será realizada de modo transparente, a partir de conversas com as comunidades, dando prioridade onde os serviços de inteligência sugerem ser mais provável localizar criminosos”, declarou o comissário-assistente da instituição (popularmente conhecida como “Met”), Nick Ephgrave.
“Essa tecnologia foi testada anteriormente e está em uso em outros lugares do Reino Unido, no setor privado”, mencionou. “Como uma polícia moderna, acredito que temos o dever de usar novas tecnologias para manter a salvo as pessoas na capital britânica.”
Questionamentos
O reconhecimento facial vive um momento de aplicação generalizada, com aplicações em aeroportos, segurança nas fronteiras, bancos, lojas comerciais, escolas e tecnologia pessoal, assim como para desbloquear smartphones. Esse tipo de tecnologia também vem sendo utilizado por forças policiais, mas recebe críticas por receios de viés e imprecisão na análise.
Alguns ativistas e pesquisadores afirmam que o potencial de erros é muito grande e que isso pode resultar na prisão de pessoas inocentes, além de que a tecnologia pode ser usada para criar bancos de dados que podem ser invadidos ou usados incorretamente.
“Precisamos garantir os direitos e a transparência para ter certeza que estamos protegendo a privacidade e os direitos humanos das pessoas”, ressaltou o comissário-assistente. “Acredito que nossa implementação cuidadosa de reconhecimento facial atinge esse balanço.”
Em 2019, um estudo do governo dos Estados Unidos analisou mais de 200 algoritmos de reconhecimento facial e constatou falhas consideradas graves, especialmente para pessoas que não são brancas. A pesquisa, realizada pelo Nist (Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia, na sigla em inglês), suscita novas dúvidas sobre a implantação da tecnologia de reconhecimento em larga escala.
Os pesquisadores encontraram taxas de “falso positivo” para asiáticos e afroamericanos em índices até 100 vezes maiores que no caso de brancos. Além disso, constataram que dois algoritmos atribuíam o sexo errado a mulheres negras em mais de um terço das operações. Não por acaso, diversas cidades norte-americanas já baniram o uso dessa tecnologia na área da segurança pública.
