Terça-feira, 13 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 24 de julho de 2018
A Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro prendeu, na manhã desta terça-feira, um ex-PM acusado de ser um dos ocupantes do carro em que estavam os executores da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A prisão do policial militar reformado Alan de Morais Nogueira, conhecido como Cachorro Louco, aconteceu por causa de um outro caso. Além dele, também foi preso o ex-bombeiro Luis Cláudio Ferreira Barbosa. Os dois são suspeitos de integrar a quadrilha de milicianos chefiada pelo ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando da Curicica.
Eles foram presos por serem acusados da autoria dos homicídios de um PM e um ex-PM no sítio de Orlando, em Guapimirim, na Baixada Fluminense, em fevereiro do ano passado, a mando do chefe da quadrilha de milicianos. A informação sobre o envolvimento dos dois partiu do mesmo delator que apontou que o ex-PM Alan Nogueira estava no carro dos executores.
“Os presos vão ficar aqui na delegacia, serão ouvidos não só no caso Marielle, como nesse homicídio pelos quais estão respondendo hoje, e tanto as investigações do caso Marielle, como desse homicídio vão continuar”, afirmou o delegado William Batista.
Os mandados de prisão foram expedidos pela Vara Única de Guapimirim, inclusive o de Orlando — preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte — apontado como mandante do crime. Com essas novas prisões, a estratégia dos investigadores é justamente a de desestruturar o bando de Orlando da Curicica e elucidar o crime contra a parlamentar.
Preso, Alan passa a ser uma peça importante nessa quebra-cabeça que virou o caso Marielle. A expectativa da polícia é que, preso e com as informações do delator contra ele, ele ajude a elucidar o que aconteceu na noite do crime.
No depoimento do delator, a testemunha disse ter ouvido uma conversa de Orlando com o vereador Marcello Siciliano (PHS), num restaurante, no Recreio, em junho do ano passado. Na conversa, o vereador teria falado alto: “Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me atrapalhando”. Depois, bateu forte com a mão na mesa e gritou: “Marielle, piranha do Freixo”. Depois, olhando para o ex-PM, disse: “Precisamos resolver isso logo”.
A testemunha-chave, que está sob proteção desde maio, havia revelado que Alan participou da execução de Marielle e Anderson, além da morte de um policial lotado, na época do crime, no 16º BPM (Olaria). Segundo o delator, o ex-PM chegou a trabalhar no quartel da Maré, comunidade onde a vereadora nasceu e manteve suas raízes até a morte. A dupla, segundo a testemunha, estava, com outros dois homens, no Cobalt prata usado na execução.
As vítimas do duplo homicídio em Guapimirim são o policial militar José Ricardo da Silva, que estava lotado no 5ºPM (Praça da Harmonia), que entrou na corporação em 2005 e o ex-PM Rodrigo Severo Gonçalves. De acordo com as investigações, os dois também faziam parte do bando de Orlando e foram convidados para uma reunião no sítio do chefe da milícia, na localidade conhecida como Vale das Pedrinhas, em Guapimirim, onde foi preparada a emboscada.
O delator contou à DH Capital que Orlando descobriu que José Ricardo e Severo pretendiam traí-lo. Os dois foram mortos a tiros. Um dos atiradores chegou a dizer: “Isto é o que acontece com traidor”. Os corpos foram colocados num veículo e trazidos para a capital. Chegando à Rua Jorge Coelho, em Brás de Pina, na Zona Norte, os acusados Alan e Luís Cláudio teriam ateado fogo no carro com as vítimas dentro, a fim de destruir vestígios e dificultar a identificação delas. O crime ocorreu no dia 25 de fevereiro do ano passado.
Severo aparece na lista de policiais militares mortos no ano passado. Até o depoimento do delator de Orlando, a polícia não tinha pistas sobre os homicídios de José Ricardo e Severo. Houve demora até na confirmação das identificações das vítimas, cujos corpos foram carbonizados, após serem mortos a tiros.
Severo aparece na lista de policiais militares mortos no ano passado. Até o depoimento do delator de Orlando, a polícia não tinha pistas sobre os homicídios de José Ricardo e Severo. Houve demora até na confirmação das identificações das vítimas, cujos corpos foram carbonizados, após serem mortos a tiros.
Os outros dois homens que teriam participado do homicídio da parlamentar, de acordo com o delator, já teriam se envolvido, em junho de 2015, em outra execução com características semelhantes à de Marielle, também a mando de Orlando, de acordo com o MPRJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro). Segundo a denúncia, os dois mataram, com tiros na cabeça, um homem que alugou um terreno na área de influência de Orlando para instalação de um circo, sem autorização prévia do miliciano.