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Por Redação O Sul | 7 de fevereiro de 2019
A PF (Polícia Federal) em São Paulo cumpriu na manhã desta quinta-feira (7) três mandados de busca e apreensão para investigação que envolve um servidor da Marinha e um engenheiro suspeitos de cobrarem propina em contratos para a construção de um submarino. A investigação é do MPF (Ministério Público Federal) em São Paulo. A procuradora Thaméa Danelon apura a prática dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Os alvos são um engenheiro nuclear do CTMSP (Centro Tecnológico da Marinha do Brasil) e um engenheiro particular. Segundo o MPF, entre 2008 e 2015, o engenheiro da Marinha solicitou propina no valor aproximado de R$ 6 milhões à empresa austríaca MAB (Bilfinger Maschinembau GMBA & CO.KO), que atua no ramo de fabricação e engenharia de componentes para tecnologia de reatores nucleares.
A MAB assinou 15 contratos administrativos com o Centro Tecnológico da Marinha e com o BNCE (Comando Naval Brasileiro Europa) para fornecimento de materiais para pesquisa. O contrato também previa a importação de bens, tecnologia e prestação de serviços no campo da tecnologia nuclear.
Segundo o MPF, a solicitação e o recebimento de pagamento pelo engenheiro da Marinha serviu para intermediação da contratação com o CTMSP e para prestação de serviços de consultoria relacionados à entrada da MAB no mercado do Brasil e da América do Sul.
Propina de R$ 3,6 milhões
Ao todo, o engenheiro da Marinha recebeu R$ 3.637.680,67, em valores atualizados, por meio de sua empresa, segundo a Promotoria. Os depósitos foram feitos numa conta bancária na Suíça.
A empresa JJ&RR Assessoria Técnica e Comercial LTDA., do engenheiro particular alvo dos mandados de busca e apreensão desta quinta-feira, também recebeu valores relacionados à propina ajustada pelo engenheiro da Marinham, segundo o MPF.
Ainda de acordo com promotores, o pagamento da propina também foi mascarado sob a forma de contrato de prestação de serviços de consultoria. A reportagem entrou em contato com a Marinha e com a empresa austríaca MAB, e aguarda retorno, e tenta contato com a JJ&RR Assessoria Técnica e Comercial.
Pedido de prisão negado
O procuradores do Ministério Público Federal chegaram a pedir a prisão dos investigados, mas o pedido foi negado. No entanto, a Justiça determinou a suspensão do exercício da função pública do servidor da Marinha e determinou que ele e o engenheiro particular tenham acesso a qualquer dependência da Marinha. A Justiça também mandou bloquear os bens, até o valor de R$ 13.060.680,72, do servidor e do engenheiro e de suas respectivas esposas, além de três empresas.