Terça-feira, 11 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de julho de 2019
Após a operação que prendeu quatro suspeitos de envolvimento na invasão ao Telegram do ministro da Justiça, Sérgio Moro, a PF (Polícia Federal) investiga um possível envolvimento de outras seis pessoas no caso. Os nomes deles apareceram vinculados às contas utilizadas nos ataques ao ministro, porém, em um primeiro momento, a PF não identificou participação direta deles nos fatos.
A PF apresentou ao juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, um relatório de diligência no qual listou os e-mails destas seis pessoas, que estavam vinculados às contas dos usuários do sistema BRVOZ das quais partiram os ataques.
Com base nesse documento, a PF solicitou o afastamento do sigilo telemático desses e-mails, para acessar seu conteúdo e apurar se os outros alvos também estão envolvidos no caso do ataque a Moro. O juiz autorizou a medida e determinou a quebra do sigilo telemático desses e-mails.
Em seu relatório de diligência, a PF apontou a “necessidade de identificação quanto a participação ou não” dessas seis pessoas nos fatos. Um dos suspeitos, citado pela PF pelo nome de Anderson José da Silva, é o dono de uma das contas a partir da qual partiram os ataques. Apesar de ser o dono da conta, porém, até agora a PF não identificou ter sido Anderson autor de tentativas de invasão – apenas que sua conta teria sido usada por terceiros para esta finalidade.
A Operação Spoofing foi deflagrada na terça-feira (23) e prendeu temporariamente quatro suspeitos de atuarem na invasão do aplicativo Telegram do ministro Sérgio Moro e de outras autoridades. São eles: Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira, Danilo Cristiano Marques e Walter Delgatti Neto.
A PF rastreou os endereços de IP utilizados para as invasões do Telegram e conseguiu chegar aos endereços dessas pessoas, por meio das quais teria partido os ataques a Moro, segundo as investigações.
Autoridades
Além de Moro, procuradores da força-tarefa da Lava-Jato no Paraná e outras autoridades teriam sido alvo de hackers – no mandado de buscas, há menção ao desembargador federal Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região, no Rio, ao juiz Flávio Lucas, da 18.ª Vara Federal do Rio e aos delegados da PF Rafael Fernandes, em São Paulo, e Flávio Vieitez Reis, em Campinas. A PF informou também que vai investigar a suspeita de invasão nos aparelhos celulares do ministro da Economia, Paulo Guedes, e da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP).
Desde 9 de junho, o site The Intercept Brasil divulga supostas mensagens trocadas pelo então juiz federal titular da Lava-Jato em Curitiba com integrantes do Ministério Público Federal, principalmente com Dallagnol. Foram divulgadas pelo The Intercept e outros veículos conversas atribuídas ao ex-juiz e a procuradores no aplicativo Telegram. O site afirmou que recebeu de fonte anônima o material, mas não revelou a origem. Moro nega conluio – ele e Dallagnol afirmam não reconhecer a autenticidade das conversas.
O ministro da Justiça já afirmou que a invasão virtual foi realizada por um grupo criminoso organizado. Para ele, o objetivo seria invalidar condenações por corrupção e lavagem de dinheiro, interromper investigações em andamento ou “simplesmente atacar instituições”. Em 19 de junho, Moro passou oito horas e meia respondendo a questionamentos de senadores na Comissão de Constituição e Justiça da Casa sobre supostas mensagens que sugerem atuação conjunta com os procuradores quando ele era juiz.