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Por Redação O Sul | 23 de junho de 2020
 
				A pedido da defesa do ex-ministro Sérgio Moro, a PF (Polícia Federal) solicitou à superintendência da corporação no Rio de Janeiro a cópia de um inquérito sigiloso aberto no ano passado envolvendo o relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que identificou movimentações financeiras suspeitas do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz. A solicitação foi feita na última sexta-feira (19) pela delegada Christiane Correa Machado, que lidera as investigações sobre a suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro na corporação. A PF quer saber se Queiroz tentou ter acesso a um inquérito sigiloso da PF que mencionaria o seu nome.
O pedido foi feito no âmbito da investigação aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na autonomia da PF para beneficiar amigos e familiares. Na peça, os advogados de Moro citam uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo que afirmava que a defesa de Queiroz foi “informada em agosto do ano passado sobre a existência de um inquérito sigiloso da Polícia Federal no Rio de Janeiro que mencionava o policial militar aposentado”.
A defesa do ex-ministro afirma ainda que, de acordo com o jornal, Flávio também é citado em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que fazia parte da investigação sigilosa.
Os advogados falam em um “coincidente lapso temporal” e lembram que foi nesta época que Bolsonaro tentou trocar, pela primeira vez, o comando da Superintendência do Rio.
“Frisa-se que o presidente da República manifestou sua primeira vontade em substituir o Superintendente da Polícia Federal do Rio de janeiro no mesmo mês em que a defesa de Fabrício Queiroz solicitou vistas do inquérito sigiloso mencionado – agosto de 2019 consoante informações já angariadas neste procedimento investigatório”, diz o texto.
Na última sexta-feira, a PF informou ao ministro Celso de Mello que as investigações sobre a suposta interferência na autonomia da corporação estão em “estágio avançado” e que precisará ouvir Bolsonaro nos “próximos dias”. Cabe ao decano, que é relator do inquérito, decidir se a oitiva será presencial ou se o presidente poderá se manifestar por escrito.
Além das diligencias envolvendo Queiroz, a PF também pediu informações ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) sobre eventuais mudanças de integrantes da segurança pessoal do presidente.
Uma das peças-chaves do inquérito é o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, no Palácio do Planalto. O conteúdo da reunião se tornou público após decisão de Celso. No vídeo do encontro, Bolsonaro reclama que não recebe informações de inteligência e diz que tentou “trocar gente da segurança” no Rio.
Segundo a defesa de Moro, o presidente se referia à Superintendência da PF no Rio. Bolsonaro, no entanto, afirma que falava sobre a sua segurança pessoal, que fica sob os cuidados do GSI.
Além disso, também foram solicitadas informações sobre a exoneração do então diretor-geral da PF Maurício Valeixo. Moro afirmou que não assinou a demissão do subordinado, apesar de o primeiro decreto ter levado o seu nome. O ato foi posteriormente republicado, sem a assinatura do ex-juiz. As informações são dos jornais Valor Econômico e O Estado de S. Paulo.