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Por Redação O Sul | 7 de fevereiro de 2020
Com a delação premiada de Sérgio Cabral homologada, a PF (Polícia Federal) passará a buscar novos acordos com outros integrantes da quadrilha do ex-governador do Rio de Janeiro.
A prioridade dos policiais é encontrar colaboradores que atuavam nos núcleos administrativo e empresarial da organização criminosa. O primeiro grupo se refere a pessoas que ocuparam posições ligadas direta e indiretamente ao governo, com poder de liberação de verbas. O segundo caso é formado por empresários que pagaram propina em troca de benefícios no esquema.
Um dos nomes que está na mira da PF é o do ex-presidente da Fecomércio-RJ Orlando Diniz. O problema é que ele já está em negociação com o Ministério Público Federal do Rio.
Cabral era a principal peça do núcleo político. A delação do ex-governador foi validada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin.
Prisão
Cabral estápreso desde outubro de 2016, e foi condenado a mais de 280 anos de prisão pela Justiça. A maioria desses processos está relacionada à operação Lava Jato.
O ex-governador vem admitindo, desde o ano passado, que recebeu propina enquanto ocupava cargo público. Ele também apontou outros supostos membros da organização criminosa.
Na segunda-feira (3), Cabral afirmou que o também ex-governador Luiz Fernando Pezão (MDB) ajudou a estruturar esquema de propina.
O depoimento foi dado ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, no âmbito da operação Boca de Lobo, que prendeu Pezão.
Homologação
O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou na quinta-feira (6) a delação premiada do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. O acordo de delação foi firmado com a Polícia Federal em dezembro. O teor da colaboração está sob sigilo.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, foi contra a validação. Entendeu que os valores que Cabral se comprometeu a devolver já estavam bloqueados pela Justiça e que o ex-governador não apresentou fatos novos nos depoimentos.
A Procuradoria-Geral da República deve recorrer da validação nos próximos dias. Fachin, então, deverá levar o recurso ao plenário da Corte, formado pelos 11 ministros, ou para julgamento na Segunda Turma, formada por cinco ministros que julgam a Lava-Jato.
Com a validação pelo STF, o conteúdo da delação pode ser usado em investigações em andamento e levar à abertura de novos inquéritos.
Fachin também enviará para instâncias inferiores as informações sobre pessoas sem foro privilegiado ou que se refiram a suspeitas cometidas fora do cargo atual por autoridades com foro no STF.