Sábado, 10 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 25 de maio de 2023
Membros da cúpula petista e advogados alinhados ao partido têm externado, em conversas reservadas, certa preocupação com os poderes do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Há, no entanto, o reconhecimento de que o magistrado teve papel essencial na manutenção da democracia e na realização das eleições de 2022 que elegeram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fatos que freiam reclamações abertas em relação a ele.
O temor relatado por parlamentares do PT é que o ministro, em algum momento, mire integrantes do partido e do próprio governo. Alexandre é descrito de maneira crítica por alguns advogados ligados à legenda como “superjuiz”, em referência aos poderes que concentra hoje.
Por outro lado, o chefe do Executivo não pretende desagradar Moraes, que tem protagonizado os embates do STF e TSE com o bolsonarismo. O magistrado é visto no PT como o principal responsável no Judiciário por conter a ofensiva de Bolsonaro contra as instituições.
O magistrado tem em suas mãos as ações dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, das fake news e as investigações que correm no Supremo contra Jair Bolsonaro. Moraes também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tem papel decisivo nos processos que podem tornar o ex-presidente inelegível.
Moraes e o ministro da Justiça, Flavio Dino, têm atuado juntos no combate
Prisão de Torres
Entre as medidas de Moraes criticadas em reservado por parte dos petistas e integrantes de partidos de esquerda, como o PCdoB, está o tempo da prisão preventiva do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que ficou quatro meses atrás das grades até ser solto, neste mês.
Na última semana, Lula contemplou Moraes na escolha para uma das vagas do TSE. O próprio presidente da corte afirmou que o petista decidiu nomear Floriano Marques e André Ramos Tavares para as duas vagas abertas no tribunal. O ministro trabalhou para emplacar Marques, seu amigo de longa data e colega de docência na USP. A pressão era para que o Lula escolhesse uma mulher, mas as duas que integraram a lista foram preteridas.
O plano de Moares é, mesmo depois de deixar a corte, manter aliados no tribunal e, consequentemente, sua influência nos debates eleitorais.
Difícil acesso
Na última semana, o ministro do Supremo teria expressado seu descontentamento com a falta de acesso direto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em uma festa no Rio de Janeiro, Moraes expressou suas queixas em alto e bom som diante de advogados e outros ministros.
Segundo a publicação, Moraes disse que conversar com Lula é excessivamente difícil, porque o presidente não usa celular e para falar com ele é necessário sempre passar pelo filtro de um assessor.
O ministro também teria contado que, há pelo menos dois meses, tem insistido em mandar mensagens para o Planalto, no entanto, até agora não teve o retorno de Lula.
O maior interesse de Moraes é convencer o presidente a indicar o ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça, para a vaga aberta no Supremo com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski, ocorrida em abril.