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Por Redação O Sul | 7 de março de 2020
Presos na noite desta sexta-feira no Paraguai, Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Roberto de Assis, passaram a noite na Agrupación Especializada da Polícia Nacional, uma instalação que recebe apenas casos de maior relevância. Um dos presos mais conhecidos do local foi o traficante brasileiro Marcelo Pinheiro Veiga, conhecido como Marcelo Piloto, um dos chefes do Comando Vermelho, que passou cerca de 11 meses detido lá, até ser enviado de volta para o Brasil, em novembro de 2018.
Em fevereiro, o deputado paraguaio Miguel Cuevas foi preso na Agrupación Especializada, acusado de enriquecimento ilícito e tráfico de influência. Também já passaram pelo local outros políticos e dirigentes esportivos, como o ex-senador Óscar González Daher, e seu irmão, Ramón González Daher, ex-presidente do Sportivo Luqueño e ex-vice da Associação Paraguaia de Futebol.
Como a cadeia para onde foram levados tem caráter especial, Ronaldinho e Assis não precisaram dividir cela com presos comuns. A Justiça paraguaia decidirá na manhã deste sábado se revoga o pedido de prisão preventiva ou se os dois brasileiros permanecerão detidos no país. O advogado dos dois irmãos, Adolfo Marin, deixou a cadeia no fim da noite, mas não deu detalhes da situação:
– Ele (Ronaldinho Gaúcho) colaborou desde o primeiro momento – afirmou o advogado paraguaio, que foi breve também ao falar sobre a possibilidade de saída da prisão. – Não temos comentário a fazer sobre isso, amanhã vamos saber.
Prisão preventiva
Ronaldinho Gaúcho e Assis prestaram depoimento nesta sexta-feira. A audiência com o juiz Mirko Valinotti, do Juizado Penal de Garantias de Assunção, durou cerca de seis horas. Depois de ouvi-los, o magistrado disse que não aceitou a tese do Ministério Público do Paraguai, que considerava os dois brasileiros livres de processo por terem colaborado com a investigação. Valinotti decidiu dar dez dias de prazo para o MP investigar o caso e dar seu parecer definitivo.
Apesar da decisão de Valinotti, Ronaldinho e Assis não tinham, naquele momento, impedimento legal para deixar o Paraguai, e planejavam voltar para o Brasil na madrugada deste sábado. No entanto, após o pedido do juiz Valinotti, o MP paraguaio decidiu solicitar a detenção dos dois irmãos, para impedi-los de deixar o país.
Ronaldinho e Assis tiveram os documentos retidos na quinta-feira, um dia depois da chegada ao Paraguai para participar de eventos promocionais. De acordo com o Ministério Público paraguaio, o uso de documentos públicos com conteúdo falso pode levar a uma pena de cinco anos ou multa. No entanto, o MP entendeu que Ronaldinho e Assis deram vários dados relevantes à investigação, quando ele e Assis admitiram o erro pelo uso dos documentos.
O MP considerou que ambos “foram enganados em sua boa fé”. A promotoria decidiu usar o “critério de oportunidade”, recurso no Código Penal paraguaio que deixaria livre de processo Ronaldinho e seu irmão. Ele é usado quando os suspeitos admitem o delito e não têm antecedentes criminais no país. A audiência desta sexta poderia ter resultado em uma pena de reparação social. A sugestão, no entanto, não foi aceita pelo juiz Mirko Valinotti.
A promotoria acusou três pessoas: o empresário Wilmondes Sousa Lira, apontado pela defesa de Ronaldinho como responsável pelos documentos falsos, e as paraguaias María Isabel Galloso e Esperanza Apolonia Caballero.
O MP pediu a prisão preventiva de Wilmondes, que foi detido na quarta-feira, acusado por produção de documentos não autênticos, uso de documentos públicos de conteúdo falso e falsidade ideológica. Nesta sexta, Wilmondes deixou sua cela no Palácio de Justiça e foi chamado várias vezes para a sala de audiência onde o juiz Mirko Valinotti ouvia Ronaldinho e Assis. Após o depoimento, o empresário foi transferido para um presídio próximo ao Palácio de Justiça, na região central de Assunção.