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Brasil A rede de livrarias Fnac fechou a sua última loja no País e seus ex-funcionários cobram verbas rescisórias

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Decretação de falência passaria a valer a partir do próximo dia 30. (Foto: Reprodução/Facebook)

A rede de livrarias Fnac fechou na segunda-feira (15), sua última unidade no Brasil, localizada em Goiânia. Nesta terça-feira (16), ex-funcionários da empresa realizaram um protesto na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, para exigir o pagamento de seus direitos trabalhistas.

Andréia Soares era funcionária da Fnac em Campinas, interior de São Paulo. A loja onde trabalhava foi fechada no dia 10 de setembro, juntamente com outras quatro no Estado. Ela conta que o protesto na Avenida Paulista foi organizado porque a empresa ainda não pagou a multa rescisória.

“Fomos informados de que o pagamento seria feito até o dia 10 de outubro. Como o dinheiro não entrou na conta, tentamos pedir informações ao RH da empresa, mas não obtivemos mais resposta”, contou Andréia.

Comprada há 15 meses pela rede de livrarias brasileira, a Fnac teve todas as suas unidades fechadas desde então. Até o momento, a única unidade ainda aberta era a do Flamboyant Shopping, em Goiânia, que foi fechada e deve dar espaço a uma nova loja da Livraria Cultura. As informações são do Jornal Opção.

Andréia afirmou ainda que foram informados pelo sindicato local que a Livraria Cultura havia entrado em contato com e faria o parcelamento do pagamento da multa rescisória, mas até o final da tarde desta terça-feira os ex-funcionários continuavam sem receber o dinheiro.

“Estamos em contato com os ex-funcionários de São Paulo. Eles têm a mesmas queixas porque as lojas foram fechadas no mesmo dia que a nossa. Precisamos da verba rescisória porque, sem ela, não conseguimos sacar o FGTS e nem o seguro desemprego”, explicou Andréia.

Sobre o protesto na loja da Avenida Paulista, a Livraria Cultura afirmou por comunicado que “A empresa não vai se manifestar por enquanto”.

Operações

Há 15 meses, a Livraria Cultura anunciou que havia adquirido as operações da rede francesa de livrarias Fnac no Brasil – um movimento que causou estranheza, num primeiro momento, para o mercado editorial, já que a própria Cultura vinha enfrentando uma séria crise financeira – uma crise que está longe de ter fim. Se devia dinheiro para seus fornecedores, como poderia fazer um negócio como esse, questionavam profissionais do setor.
À época, a Fnac tinha 12 lojas em 7 Estados.

Na realidade, a Cultura comprou a operação da Fnac, mas acabou recebendo dinheiro da empresa francesa para renegociar passivos – e retomar a rentabilidade das lojas ou então acabar de vez com a presença da empresa no País. A segunda alternativa foi ficando evidente com o fechamento em cadeia das lojas da Fnac iniciado há alguns meses – a Fnac Pinheiros, sua primeira no Brasil, fechou em junho – e intensificado nos últimos dias com o encerramento das unidades do Shopping Morumbi, Campinas, Curitiba e Brasília.

A Fnac não começou do zero quando chegou ao Brasil em 1998. Um ano antes, surgia, na Praça dos Omaguás, em Pinheiros, o projeto megalomaníaco, e caro (R$ 25 milhões), do Ática Shopping Cultural – com 8 mil m² e cinco andares, ele se tornou a maior livraria de livros e CDs da América Latina. Não deu tão certo quanto se imaginou, e sua venda, no ano seguinte à inauguração, viabilizou a chegada da rede francesa ao País.

Ela logo tentou corrigir alguns exageros cometidos pela Ática, e incluiu outros produtos, sobretudo eletrônicos, em seu portfólio. Com o tempo, e esse foi o primeiro erro da empresa, de acordo com o mercado, os livros foram perdendo seu espaço na loja – e, portanto, a livraria foi perdendo importância para as editoras. Quatro anos atrás, ela era responsável por cerca de 2% do faturamento das editoras. Recentemente, muitas delas já nem negociavam mais com Fnac. A Cultura, comenta-se, responde por cerca de 8%, e a Saraiva, por 30%. Por ora, já que nenhuma das duas está, porém, em situação melhor que estava a Fnac.

Os planos de expansão também atrapalharam o desempenho da empresa, recorda Gerson Ramos, ex-funcionário da Ática e depois da Fnac, onde ficou por dois anos, e hoje diretor comercial da editora Planeta. “Seu modelo dependia de grande volume para se sustentar. Ela queria 20 lojas em cinco anos, mas só conseguiu abrir 11 em 15 anos”, comenta.

Quando a Livraria Cultura anunciou, 15 meses atrás, que estava comprando a operação da Fnac no Brasil, o mercado já imaginou que o cenário seria esse mesmo: o fim da rede no País. A Cultura estava, então, ganhando dinheiro para, como se repete pelo mercado, “fazer o trabalho sujo”: demitir, romper contratos.

Devendo para fornecedores, demitindo funcionários e fechando lojas, a Cultura já vinha enfrentando sua própria crise. “A Fnac acrescentou um problema à vida da Cultura. Ela mais atrapalhou do que ajudou. Consumiu o tempo e a energia de que ela precisava para ter foco para resolver seus próprios problemas”, comenta uma fonte do mercado. Até o ano passado, a rede de Pedro Herz tentava fazer alguns acertos pontuais com editoras que considerava importante. Hoje, diz outra fonte, nem isso.

 

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