Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 22 de outubro de 2018
O anúncio do governo dos Estados Unidos de que prevê a retirada de um acordo assinado durante a Guerra Fria sobre mísseis nucleares de alcance intermediário deixará o mundo mais perigoso, afirmou o Kremlin. Moscou espera “explicações” da parte de Washington, que alegou violações da Rússia para tomar essa decisão.
“As iniciativas deste tipo, caso aconteçam, deixarão o mundo mais perigoso”, afirmou segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta segunda-feira (22) que Moscou espera que os Estados Unidos expliquem seus planos, segundo a Reuters.
O INF (Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário), negociado pelo então presidente dos Estados Unidos Ronald Regan e pelo líder soviético Mikhail Gorbachev em 1987, estabeleceu a eliminação de mísseis nucleares e convencionais de alcances curto e intermediário por ambos os países.
“A Rússia não honrou, infelizmente, o acordo então nós vamos encerrá-lo e sair dele”, disse Trump a jornalistas no domingo (21). As autoridades americanas afirmam que o sistema russo pode permitir ao país lançar um ataque nuclear contra a Europa com rapidez. A Rússia tem consistentemente negado qualquer violação do tratado.
Conselheiro
O conselheiro da Casa Branca para a Segurança Nacional, John Bolton, se reunirá nesta segunda-feira em Moscou com o chanceler russo, Serguei Lavrov, depois que Washington anunciou a intenção de abandonar um tratado sobre armas nucleares de médio alcance.
A visita, prevista há muito tempo, é a primeira em meses de um assessor de alto nível do presidente Donald Trump a Moscou. Oficialmente o objetivo é prosseguir diálogo iniciado em julho entre o presidente americano e seu colega russo, Vladimir Putin.
Mas o anúncio de Trump, sábado (20), de retirar os Estados Unidos do tratado INF mudou a agenda. Bolton será recebido por Lavrov às 19h (13h de Brasília), segundo a embaixada americana em Moscou. O presidente russo também receberá o assessor americano, mas o encontro não acontecerá nesta segunda-feira, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
No domingo, a Rússia considerou um “passo perigoso” o anúncio do presidente americano de deixar de cumprir o tratado sobre armas nucleares de alcance intermediário assinado durante a Guerra Fria entre a União Soviética e os Estados Unidos.
O último dirigente da URSS (União Soviética), Mikhail Gorbachev, que assinou o tratado de desarmamento INF em 1987, denunciou uma “falta de sabedoria” do presidente Trump pediu “a todos que defendem um mundo sem armas nucleares” que convençam Washington a não avançar com o anunciado e “preservar a vida na Terra”.
Trump acusa a Rússia de violar o tratado “há muitos anos” e anunciou que os Estados Unidos começarão a desenvolver estas armas. Riabkov rebateu as acusações e disse que Moscou repeita o texto de “maneira estrita”. “Fomos pacientes durante anos ante as flagrantes violações do tratado pelos Estados Unidos”, afirmou.