Domingo, 02 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de dezembro de 2018
O delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes, afirmou que João de Deus não é considerado foragido, pois não há prazo no mandado de prisão para que ele se entregue e porque existe a negociação com a defesa para o cumprimento da ordem. A corporação segue negociando a apresentação de João de Deus, mas isso não deve acontecer antes das 20h deste sábado (15). O médium teve a prisão decretada na sexta após mais de 300 relatos de abuso sexual. Ele sempre negou as acusações.
Na sexta, o delegado havia dito que esperava que isso ocorre até o meio-dia deste sábado. A polícia chegou a divulgar um prazo até as 14h, sob pena de ser considerado foragido. O delegado mudou o discurso.
“Para a Polícia Civil do Estado de Goiás, só falta definir o horário e o local. [Sobre horário] Aí eu não posso te definir, vai depender mais do contato que nós vamos fazer, mais no início da noite”, afirmou.
Ainda segundo Fernandes, equipes seguem procurando pelo médium independentemente das negociações. “Apesar disso, temos equipes procurando. Tem equipe aí que está bem distante, viu?”.
Questionado se a apresentação poderia acontecer antes das 20h, ele declarou: “Não, não acontece de jeito nenhum.”
Mais cedo, o advogado Alberto Toron, havia dito que o médium irá se entregar às autoridades, mas que não podia dizer quando nem onde. Em entrevista ao Jornal Hoje, o defensor declarou que deve entrar com pedido de habeas corpus na segunda. Até a noite de sexta-feira (14), os policiais já tinham procurado João de Deus em mais de 20 endereços, mas não conseguiram encontrá-lo.
A força-tarefa do Ministério Público divulgou que já recebeu 335 mensagens e contatos por telefones de mulheres que denunciam o médium por abuso sexual. Os relatos chegaram de pessoas de seis países diferentes, além de 13 Estados do Brasil e o Distrito Federal.
Festa de Natal
Com mandado de prisão em aberto, João de Deus não compareceu à festa de Natal para crianças em que participa todo ano vestido de Papai Noel. A festa é organizada pela Casa da Sopa, braço social da Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, e ocorre há pelo menos 15 anos. Nela, são montados brinquedos infláveis para as crianças, que também ganham presentes e podem almoçar no local.
“É a festa das crianças que seu João faz todo ano. Ele sempre foi o Papai Noel, mas esse ano ele deixou de vir e um voluntário da casa vestiu a fantasia e o substituiu”, disse o administrador, Chico Lobo.
A esposa de João de Deus – que inclusive fez a abertura do evento – e alguns dos filhos do médium também estiveram presentes.
Última visita à Casa
Na manhã de quarta-feira, João de Deus compareceu à Casa Dom Inácio de Loyola, onde realiza os trabalhos espirituais, pela primeira vez desde que as denúncias vieram à tona. Durante os poucos minutos que ficou no local, ele disse que era inocente e que confiava na Justiça de Deus e dos homens.
“Meus queridos irmãos e minhas queridas irmãs, agradeço a Deus por estar aqui. Ainda sou irmão de Deus, mas quero cumprir a lei brasileira porque estou na mão da lei brasileira. João de Deus ainda está vivo. A paz de Deus esteja convosco”, diz João de Deus.
A assessora de imprensa do religioso, Edna Gomes, afirmou, após as declarações, que o médium era inocente, mas que as denúncias eram graves e deveriam ser apuradas.