Quinta-feira, 19 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 26 de junho de 2018
Dos bastidores para o centro da ribalta política. Pelo menos três ex-mulheres de políticos farão sua estreia nas eleições deste ano disputando vagas no Legislativo. Em comum, o fato de empunharem a bandeira em defesa das mulheres e estarem em partidos diferentes dos seus ex-maridos, seja em posição de independência ou de enfrentamento direto com os antigos parceiros. Segunda ex-mulher do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), Ana Cristina Valle vai tentar uma vaga na Câmara dos Deputados.
Ela vai disputar pelo Podemos, após convite do senador Romário (Podemos), pré-candidato ao governo do Rio. Chefe de gabinete de um vereador em Resende, ela pretende usar o sobrenome Bolsonaro na urna. Os dois se reuniram há pouco mais de um mês, e o pré-candidato à Presidência afirmou que não iria impedir o uso da marca da família.
Há 20 anos trabalhando em gabinetes em Brasília e no Rio, Cristina Valle afirmou que nunca se candidatou para não atrapalhar a família. “Como o Jair e os meninos eram os políticos, sempre trabalhei para eles. Mas agora a família não tem um candidato a deputado federal no Rio. Então aceitei o convite para representar as mulheres”, disse ela. O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) deve tentar o Senado e o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ) não deve se candidatar.
Embora o Podemos tenha como pré-candidato à Presidência o senador Álvaro Dias, ela afirmou que vai votar e trabalhar por Bolsonaro em sua região, o Sul fluminense. Apesar do apoio, afirmou que está “70% de acordo com as ideias dele”.
“Ele é muito radical com as mulheres. Ele deve ser mais macio e liberal”, disse ela. Questionada sobre qual posição mais a incomodou, mencionou “aquela declaração de que mulher deve ganhar menos do que homens porque engravidam”.
“Depois ele se retratou. É um homem honesto e digno. Tem seus defeitinhos por ser muito radical. Mas vai ser um presidente honesto”, disse ela, que manteve uma união estável de dez anos com Bolsonaro. Eles têm um filho, Jair Renan, 20, que pretende entrar na política. Não se candidatou nessa eleição porque a idade mínima para deputado federal é de 21 anos.
Ana estava casada com o presidenciável quando ele afirmou à deputada Maria do Rosário (PT-RS) que ela “não merecia ser estuprada”. “Ele simplesmente atacou como foi atacado. Ele poderia ter medido melhor as palavras, mas simplesmente se defendeu”, disse.
Se Ana Cristina vai para a disputa dando apoio ao ex-marido, o mesmo não se pode dizer de Jullyene Lins, ex-mulher do deputado federal Arthur Lira (PP). Ela filiou-se ao PRTB e deve ser candidata a deputada federal em posição de enfrentamento ao ex-companheiro. Jullyene foi pivô de uma ação penal contra o deputado no qual ela o acusava de violência doméstica — ele nega as acusações. O caso foi julgado em 2015 pelo Supremo Tribunal Federal, que absolveu Arthur Lira por falta de provas.
Outra novidade nas eleições deste ano é Pâmela Bório, ex-mulher do governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB). Ela filiou-se ao PSL de Jair Bolsonaro e vai disputar uma cadeira na Assembleia da Paraíba. No campo oposto ao do governador, diz que não mudou de lado no espectro político. “Nunca fui do grupo político do governador, só era a mulher dele”, afirma Pâmela, que ainda diz que nunca foi filiada ao PSB nem se identificava com as ideias do partido de Coutinho. Jornalista, apresentadora de televisão e ex-miss Bahia, Pâmela foi casada com Coutinho entre 2010 e 2015 e tem um filho com o governador. Mas desde a separação eles têm um histórico de conflitos, inclusive judiciais.