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Por Redação O Sul | 24 de junho de 2018
Com reformas, Portugal deixou para trás os três anos de recessão do início da década (2011, 2012 e 2013) e voltou ao crescimento econômico. O país conseguiu reduzir o desemprego – que chegou aos dois dígitos e hoje tem taxa de 7,4%, menor que a média de 8,5% da zona do euro – e é exemplo na União Europeia.
O país que foi escolhido pelo Banco Central Europeu para sediar seu fórum anual mostra o que se pode alcançar com financiamento barato e um programa de reformas econômicas – e também seus limites.
A saída da recessão se dá em parte pelas reformas econômicas exigidas pelo resgate conjunto feito por União Europeia e FMI (Fundo Monetário Internacional), de 2011, e em parte pelo programa de compras de títulos e pelas taxas de juros baixas do BCE (Banco Central Europeu). O cenário agrada ao presidente da autoridade monetária, que no seu discurso de abertura do encontro exaltou a recuperação econômica “rica em empregos”. Também está em forte contraste com a Itália, que conseguiu evitar o resgate financeiro, mas adiou ajustes estruturais que poderiam ter levado as pessoas de volta ao emprego.
“Eu gostaria que a Itália tivesse as mesmas perspectivas de Portugal hoje. Portugal passou por um período difícil, com um programa de critérios rígidos, mas está saindo disso”, afirmou o professor da University of Chicago Booth School of Business Luigi Zingales, nascido na Itália.
Portugal tornou mais flexíveis as contratações e negociações salariais, mudanças apresentadas pelo FMI como cruciais no caráter de recuperação da economia, puxada por empregos. As reformas ajudaram a reduzis os custos de produção do país, aumentando sua competitividade. Ao mesmo tempo, no entanto, o custo de se viver no país avançou.
Por outro lado, a Itália não conseguiu acertar a questão do reajuste salarial e da produtividade, mesmo depois de uma reforma trabalhista controversa que foi feita em 2015. Eleitores agora tem um governo anti-establishment que quer estimular o aumento do gasto público apesar de ter o maior nível de dívida pública da região.
Portugal evitou o avanço do sentimento populista, mas a atual administração socialista dá sinais de que a dor das reformas estruturais foi longe demais. Após assumir em 2015, o primeiro-ministro Antonio Costa reverteu cortes de salários de servidores, aumentou o salário mínimo e reduziu a jornada de trabalho dos funcionários estatais.
A tendência trouxe algumas preocupações ao Banco Central Europeu e à Comissão Europeia, que em comunicado conjunto na semana passada sobre o país ressaltaram “que permanecem essenciais as políticas de apoio às adaptações do mercado de trabalho”.