Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 13 de setembro de 2023
A investigação, desde o início, girou em torno de aliados de Bolsonaro e, ao longo do tempo, foi se desdobrando em diferentes frentes.
Foto: Isac Nóbrega/PRO acordo de colaboração premiada sacramentado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, seguiu um roteiro de cinco eixos de investigação abertos a partir do inquérito das milícias digitais, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). O conteúdo do acordo está sob sigilo.
O acordo de colaboração de Mauro Cid foi fechado pela Polícia Federal (PF) e homologado no último sábado (9), pelo ministro Alexandre de Moraes. No mesmo dia, o militar foi colocado em liberdade provisória.
Ele foi afastado do cargo que ocupava no Exército, está usando tornozeleira eletrônica e cumpre uma série de outras medidas cautelares, como a proibição de deixar o país, usar as redes sociais e de ter porte de armas.
O inquérito das milícias digitais foi aberto em 2021 pelo ministro Alexandre de Moraes e apura a existência de uma organização criminosa, de forte atuação digital, que atuaria para minar o Estado Democrático de Direito no Brasil.
A investigação, desde o início, girou em torno de aliados de Bolsonaro e, ao longo do tempo, foi se desdobrando em diferentes frentes. Foram sobre esses temas que Mauro Cid aceitou colaborar.
O primeiro ponto trata do funcionamento do sistema usado para proferir ataques virtuais a opositores da gestão Bolsonaro. O segundo é como se deu os sucessivos ataques às instituições, como o próprio Supremo e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além do sistema eletrônico de votação. O terceiro trata da tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O quarto mira os ataques às vacinas contra a covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia. Por fim, o quinto ponto é a investigação sobre o uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens.
Esse último desdobra-se em outros três, em que estão as investigações mais famosas que atingiram Mauro Cid nos últimos meses. A primeira delas é a que mira a inserção de dados falsos sobre a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina.
A suspeita é que, além de beneficiar a sua própria família, Mauro Cid atuou para falsificar certificados para o ex-presidente e sua filha, Laura, que não teriam sido vacinados. Foi nesse processo em que o tenente-coronel foi preso, no início de maio.
A segunda frente é o esquema montado para a venda dos presentes oficiais recebidos pelo governo passado, entre os quais as joias recebidas por Bolsonaro de autoridades da Arábia Saudita. O caso envolve também o pai do ex-ajudante de ordens, Mauro Cesar Lourena Cid.
Há ainda uma terceira linha que é o uso dos cartões corporativos para pagamento de despesas pessoais, não apenas de Bolsonaro, mas também da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Atualmente os investigadores apontam que o caso mais avançado é o da fraude nos cartões de vacinação e não descartam que os processos sejam analisados separadamente, a depender do andamento de cada investigação.