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Geral Acusados de matar Marielle falam pela primeira vez à Justiça; mãe da vereadora desabafa: “Ganhavam a vida fazendo maldades”

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Protestos e missa marcam os quatro anos do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes no Rio de Janeiro. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo)

Depois de duas audiências para ouvir testemunhas de acusação e defesa, finalmente, nesta sexta-feira (04), os suspeitos de assassinarem a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes falaram pela primeira vez sobre o caso. Os interrogatórios do sargento reformado da PM Ronnie Lessa e do ex-policial Élcio Vieira de Queiroz, réus no homicídio da parlamentar, demoraram cerca de quatro horas. Os dois negaram o crime. Ambos estão presos na Penitenciária Federal de Porto Velho e se pronunciaram por meio de videoconferência.

O interrogatório foi feito pelo juiz do 4ª Tribunal do Júri, Gustavo Kalil. O primeiro a falar foi Ronnie Lessa. Além de negar a acusação, respondeu às perguntas da promotoria como o fato de ter trabalhado para a contravenção. Lessa, mais uma vez, negou. Disse que nunca trabalhou para bicheiros.

Os pais de Marielle, Marinete da Silva e Antônio Francisco da Silva estiveram na audiência de instrução e julgamento, iniciada às 14h30m, no fórum do Rio. A mãe da vereadora, que é advogada, tem ido a todas as sessões e fica de frente para o telão analisando as expressões faciais dos acusados de matar a sua filha.

“Eles são instruídos para negar, mas existem muitas evidências contra eles. Lessa tem um patrimônio enorme. Como é que um sargento da PM que ganha cerca de R$ 7 mil diz, claramente, que tem dois apartamentos, uma casa, dois terrenos, 11 quiosques, uma lancha. Está claro que eles ganhavam a vida só fazendo maldades para as pessoas. Tirando a vida dos outros. É claro que ele tem o direito à defesa, mas é evidente que eles são do mal”, desabafou Marinete. “Acreditamos muito na Justiça e nas promotoras. Vamos colocar essas pessoas na cadeia. Não posso deixar de acompanhar cada passo. O nosso objetivo é saber também quem pagou para isso. Quem é o mandante? Não iremos desistir jamais!”, afirmou.

Marinete contou que vem recebendo muito incentivo de pessoas do mundo inteiro que acompanham sua luta pela justiça por Marielle: “Se minha filha estivesse viva, completaria três anos de mandato. Tenho recebido muito carinho das pessoas que mostram fotos e vídeos que fizeram com Marielle. Falam das coisas que ela fez por elas, por esta cidade. Tenho muito orgulho dela. Se eles não tivessem feito isso aí com ela, as coisas teriam sido diferentes”.

A viúva de Marielle, Mônica Benício, estava num evento fora do país, mas acompanhando a audiência por intermédio de suas advogadas. “Apesar da incrível lentidão do processo, a superação, na data de hoje, da fase das oitivas inspira alguma esperança. Torço para que a legislação penal seja rigorosamente aplicada para que o processo avance o mais rápido possível para o tribunal do júri. Que os acusados sejam julgados e responsabilizados, que os mandantes sejam identificados e as motivações desse crime bárbaro sejam reveladas. Nossas famílias, o povo brasileiro, a democracia e o mundo precisam dessas respostas”, disse Mônica.

O advogado de Lessa, Fernando Santana, classificou o interrogatório como “maravilhoso”. “Lessa conseguiu esclarecer todas aquelas supostas pesquisas sobre Marielle que o MP o acusou de ter feito. Elas disseram que ele estava arquitetando o crime. Ele conseguiu comprovar para o juízo que as pesquisas eram feitas em cima de jornais da época”, disse Santana.

Para o advogado de Élcio, Henrique Telles, as provas são insuficientes para incriminar seu cliente.

“O interrogatório foi muito bom. Meu cliente esclareceu muitos pontos nebulosos dessa investigação da Delegacia de Homicídios da Capital (DH) e do Ministério Público estadual. Ele pode mostrar sua mais absoluta inocência”, comentou o advogado. “Élcio estava na Barra da Tijuca, por volta do horário do crime, 17h, 21h… A antena do celular dele mostra que o aparelho estava recebendo dados, mensagens. Não há elementos probatórios que coloquem o meu cliente dentro daquele carro no Centro. Quem tem que provar que ele estava lá é o Ministério Público”, afirmou Telles.

O Ministério Público do Rio não quis falar sobre o interrogatório, alegando que o processo corre em segredo de Justiça. A audiência, inclusive, foi restrita à defesa dos réus, à promotoria e às famílias das vítimas.

Encerrada a primeira fase, a Justiça abrirá prazo para as alegações finais que começa pelo MP do Rio. Depois é a vez das defesas de Lessa e Élcio. Kalil decidirá se os dois serão ou não pronunciados, ou seja, submetidos a júri popular. Caso a opção venha a ser pela pronúncia, entendendo assim que há indícios suficientes de que eles possam ter matado Marielle, será marcado o julgamento. O júri é formado por pessoas comuns que votarão pela absolvição ou condenação dos réus. Em seguida, a sentença será lida pelo juiz.

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