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Brasil Brasileiro gasta mais da metade da sua renda com habitação e transporte

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A lei diz que cabe ao Poder Executivo estipular o valor do benefício e prevê o pagamento de parcelas mensais. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

Os brasileiros passaram a comprometer uma parcela maior do orçamento com transporte do que com alimentação . Segundo dados da POF  (Pesquisa de Orçamento Familiares), divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE, 14,6% dos gastos mensais das famílias brasileiras em 2018 eram com transporte coletivo, compra de combustíveis ou de veículos. Os gastos com alimentação correspondiam a 14,2% de toda a despesa. Mais da metade da renda é gasta com habitação e transporte. Somando alimentação, chega a 72,2%. As informações são do jornal O Globo.

Esta é a primeira vez na série histórica da pesquisa, iniciada na década de 1970, que a inversão entre transporte e alimentação ocorre. Na pesquisa anterior, de 2009, a parcela do orçamento comprometida com as despesas de transporte era de 16% e, com alimentação, 16,1%. A inversão ocorrida nos últimos dez anos foi influenciada pelo aumento dos gastos das famílias de maior renda com compra de veículos novos ou gasolina e etanol, que ficaram mais caros.

Das despesas com transporte, 38% estavam relacionadas à aquisição de veículos. O gasto com gasolina também tem forte peso nas despesas. Representa 20% delas. O transporte urbano tem participação mais tímida, de 8,9%, em média.

“É a primeira vez que acontece isso na história da POF. Na alimentação, você consegue fazer escolhas, a substituição de produtos é mais fácil. No caso de transporte, você tem que pegar de qualquer maneira”, explica André Martins, gerente da POF do IBGE.

O peso dos gastos com transporte no orçamento varia entre as regiões. Segundo o IBGE, as maiores participações estão na região Centro-Oeste e Sul, ambas superiores ao registrado no Brasil. A menor participação ocorreu na região Nordeste.

Desigualdade nos gastos com transporte

A pesquisa mostra, no entanto, que há uma brutal desigualdade dos gastos com locomoção entre pessoas com diferentes rendimentos. Para as famílias mais ricas, com renda acima de 25 salários mínimos, as despesas com transporte (R$ 4.154,94) eram 30 vezes o valor do gasto nos lares com rendimentos mais baixos (R$ 140,11).

Entre as famílias de menor renda, que ganham até dois salários mínimos, é possível perceber que os gastos com compra de veículos (24,4%) se equivalem aos gastos com transporte urbano (22,3%) e combustíveis (26,5%).

A diferença entre o peso dos gastos com aquisição de veículos e com abastecimento do carro começam a aumentar à medida que a renda familiar cresce. Entre as famílias de maior renda, com rendimento familiar superior a R$ 23.850, 50,9% dos gastos com transporte são para compra de carros, por exemplo.

Segundo Martins, as despesas com transporte e alimentação têm pesos distintos nos orçamentos das famílias. A fatia dos gastos com locomoção é maior entre os de renda maior, ao passo que, entre os de menor renda, a alimentação pesa mais.

Para Carlos Augusto Monteiro, médico e professor titular da Faculdade de Saúde Pública da USP, a inversão registrada pela POF nas despesas com alimentação e transporte pode ter desdobramento para a qualidade da dieta da população brasileira.

Habitação no topo das despesas

Segundo ele, com o peso maior de outros gastos, como habitação e transporte, os brasileiros terão menos recursos para utilizar em produtos de boa qualidade nutricional:

“É muito difícil a pessoa diminuir o gasto com alimentação e manter a qualidade. Você tem uma margem de manobra menor. A indústria consegue vender barato, em grandes volumes, os alimentos ultraprocessados, feitos com gordura de baixa qualidade, açúcar e sais. Isso pode contribuir para piorar a alimentação dos brasileiros.”

A pesquisa revela ainda que, juntos, alimentação, habitação e transporte comprometeram 72,2% dos gastos das famílias brasileiras, considerando as despesas de consumo.

Isso corresponde a R$ 3.764,51 dos R$ 4.649,03 gastos mensalmente pelas famílias brasileiras, em média. O principal gasto continua a ser habitação, com 36,6% dessas despesas. Entre os brasileiros de menor renda, esse item corresponde a quase 40% do orçamento das famílias.

Gastos com saúde pesam mais que educação

A POF mostra também que as famílias gastam, na média, mais com saúde do que com educação. Mensalmente os brasileiros desembolsam R$ 302,06 com assistência médica, enquanto pagam R$ 175,60 com educação – uma diferença de 72%.

Segundo o IBGE, desde 2002, os gastos com assistência médica e remédios vêm ganhando protagonismo, aumentando seu peso no período (de 4,2% em 2003, para 6,5% em 2018). Nesse intervalo, os gastos com educação cresceram 0,6 ponto percentual, de 4,1% para 4,7%. A mesma tendência é observada quando são analisadas as situações urbana e rural.

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https://www.osul.com.br/brasileiro-gasta-mais-da-metade-da-sua-renda-com-habitacao-e-transporte/ Brasileiro gasta mais da metade da sua renda com habitação e transporte 2019-10-04
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