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Saúde Adiamento de cirurgias foi uma das perdas no sistema de saúde

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Para especialistas, é necessário ampliar a atenção primária e criar prontuários unificados. (Foto: Divulgação)

Qual o tamanho e a gravidade das sequelas que a covid-19 deixou no sistema de saúde? Quase dois anos após o início da pandemia, alguns levantamentos ajudam a entender a “pandemia dentro da pandemia”, como falam alguns especialistas.

Somente no SUS, um milhão de cirurgias foram adiadas, de acordo com levantamento feito pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP, em Bauru, e da Faculdade de Medicina da USP.

Outro levantamento, do Instituto do Coração, dá uma ideia do que significa a não realização de uma cirurgia. De mil pacientes que tiveram a troca de válvula cardíaca adiada por conta da pandemia, 43% morreram na fila. “Dos que sobreviveram, a doença progrediu e estamos fazendo uma triagem para recategorizar os pacientes por gravidade, para acelerar as cirurgias”, diz Carlos Carvalho, do Incor.

Num recorte restrito à oncologia, dados do Datasus organizados pelo Instituto Oncoguia e pela farmacêutica Roche mostram que a biópsia, principal procedimento para identificar tumores, sofreu redução de 39,1% em 2020, em relação ao ano anterior. As mamografias de rastreamento, fundamentais para prevenção e diagnóstico do câncer de mama, caíram 49,8%.

“Se a gente for enfrentar esses desafios clínicos da mesma forma que atuamos hoje, corremos o risco de perpetuar as deficiências e os gargalos”, afirma Edson Araújo, do Banco Mundial. O economista sugere caminhos como a ampliação da atenção primária e formas de financiamento mais flexíveis.

“Em algumas áreas e serviços, a provisão tem de ser estatal, mas, em outras, é possível ter flexibilidade. Há inovações acontecendo fora do setor público, e não são incorporadas ao sistema de saúde por termos alguns paradigmas, como o do SUS estatal. E isso talvez deva mudar para enfrentar esses desafios do pós-pandemia”, pondera.

O investimento em tecnologia também é urgente. O prontuário digital, por exemplo, é requisito básico. “Quando atendo o paciente sem saber o que houve antes, tenho de pedir exames que talvez ele já tenha feito. Isso custa muito para o sistema”, diz Linamara Rizzo Battistella, presidente do Conselho Diretor do Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. “Quando o SUS implementar isso (prontuário unificado), seremos o sistema mais robusto do planeta.”

SUS

Nos próximos 20 a 30 anos, o Brasil terá de aumentar em três ou quatro pontos do PIB o seu investimento em saúde. A projeção está no primeiro estudo do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps). O órgão foi fundado recentemente pelo economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, com o objetivo de contribuir para o aprimoramento das políticas públicas do setor de saúde no Brasil.

“Temos um sistema de saúde subfinanciado. O que se percebe é que a saúde pública não tem sido prioridade: quanto e como gastar não aparecem no debate público sobre o que fazer com o nosso dinheiro”, afirma o especialista.

“O curioso e surpreendente é que, no Brasil, a divisão (de recursos para a saúde) é única no mundo: 4% em saúde pública e 5% em saúde privada. Isso surpreende porque o gasto público cobre três quartos da população e 5% do PIB vão para um quarto da população. É uma situação esdrúxula e permite uma afirmação de que nosso sistema de saúde é subfinanciado. Eu tenho defendido a ideia de uma grande revisão dos gastos do Estado. Isso requer uma reflexão política: nossos representantes precisam sair do varejo da política e olhar para o grande mapa, para um crescimento sustentável e inclusivo”, critica Fraga.

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