Terça-feira, 17 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 29 de maio de 2021
Vinte e cinco de maio foi o Dia Nacional da Adoção. Foi por este processo, que há três anos Ana Luiza chegou. “Minha mãe e meu pai adotaram e eu fiquei feliz”, contou Ana Luiza de Figueiredo Gual, filha de Ramon e Carolina. Mas com a pandemia, segundo o Conselho Nacional de Justiça, muitos processos foram prejudicados porque fóruns ficaram fechados e rotinas que fazem parte da adoção, como visitas de assistentes sociais, não puderam acontecer: caíram 20% em 2020.
Para a Carol e para o Ramon, o encontro estava mesmo predestinado. “Tinha que ser ela. Parece que estava assim, marcado para ser”, disse mãe de Ana Luiza, Carolina de Senna Figueiredo, terapeuta ocupacional. “Ela chegou, a gente escutou a vozinha dela subindo. Ela veio já dando abraço, beijinho na gente, e eu vejo isso: o amor é espontâneo. Então, essa conexão também foi muito espontânea”, lembrou Ramon Gual, médico e pai da menina.
Este relato se repetiu menos em 2020. A pandemia impactou os números de adoção no Brasil. No ano passado, mais de 2,5 mil e crianças e adolescentes ganharam uma família – quase 20% menos se comparado a 2019.
“A fila de crianças esperando por adoção tem que diminuir o mais rápido possível. Não há momento, não há prazo, não há nada para que se possa amar, para que se possa acolher, para que se possa dar afeto”, enfatizou Mariangela Meyer Pires Faleiro, desembargadora do TJ-MG.
Atualmente, quase 5 mil crianças e adolescentes estão na fila da adoção no Brasil – a maior parte delas têm mais de nove anos de idade. Quanto mais tempo no abrigo, menor a chance de encontrar um lar.
Jefferson Militão conhece essa angústia: “Tinha medo de ficar porque lá tinha gente já maior e eu ficava com medo de ficar com 18 anos, sair, ficar na rua sem lar, sem essas coisas, sem ter um lugar para ir”.
Ele foi adotado aos seis anos, pela dona Maria Helena, que já tinha a Isabela, filha biológica. Ela sentia que nessa família tinha espaço para mais um e não importava idade. O filho foi escolhido pelo coração.
“É meu filho, do mesmo jeito, como se tivesse nascido do meu ventre, do mesmo jeito. Parece que alguém gerou ele para mim e me entregou com seis anos. Não faz diferença”, ressaltou Maria Helena Militão, costureira.