Sexta-feira, 16 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 15 de maio de 2025
Ao ser preso, o advogado disse que é inocente: "Usaram meu nome para praticar golpe e agora jogaram para cima de mim".
Foto: Guilherme Zimmermann/O SulJá está em Porto Alegre o advogado gaúcho Daniel Fernando Nardon, preso em Dourados (MS) nessa quinta-feira (15). Ele é suspeito de integrar um grupo que fraudava clientes e ficava com dinheiro de ações movidas em nome deles, além de assinar procurações em nome de pessoas já mortas. Nardon teve a atividade profissional suspensa pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e estava foragido da Justiça. O escritório dele foi alvo de uma operação da Polícia Civil em 7 de maio.
Ao ser preso, o advogado disse que é inocente: “Usaram meu nome para praticar golpe e agora jogaram para cima de mim a responsabilidade. Eu nunca fiquei com dinheiro de ninguém, trabalho há 27 anos e tenho 200 funcionários no escritório de forma correta. Não tenho nada a esconder de forma nenhuma, sou completamente inocente”.
Segundo a PRF, Nardon é apontado como um dos principais nomes da quadrilha no Estado. O esquema, chamado pela Polícia Civil de “advocacia predatória”, pode ter lesado milhares de pessoas, causando um prejuízo estimado em R$ 50 milhões.
De acordo com o delegado Vinícius Nahan, Nardon responderá por falsificação de documento particular, falsidade ideológica e uso de documento falso.
Em janeiro de 2025, o Ministério Público (MP) solicitou a abertura de investigações sobre “a prática de ilícitos em ações judiciais movidas em nome de pessoa já falecida em 3 de junho de 2024”.
“Conforme apurado, o investigado, na condição de advogado, ingressou com ações judiciais de revisão de contrato contra instituição bancária, juntando procuração supostamente firmada pelo autor em 23 de agosto de 2024, mais de dois meses após sua morte. A contradição foi detectada pelo juízo responsável e comunicada ao MP”, afirmou o delegado Vinícius Nahan.
Além de Nardon, outras 13 pessoas são investigadas por crimes como estelionato, falsidade ideológica, falsificação de documento particular, patrocínio infiel, uso de documento falso, fraude processual e apropriação indébita. Já foram abertos 45 inquéritos contra os suspeitos.
Em um processo judicial, a Justiça destacou que, “intimado para esclarecer a situação, já que a procuração e o ajuizamento distanciam mais de sessenta dias desde a morte, o advogado se limitou a indicar que ‘à época da assinatura da procuração, desconhecia sobre a morte do autor. Portanto, não havia qualquer comunicação oficial ou informação acerca do óbito, o que impediu que tivesse ciência da procura não poderia ser validamente outorgada naquele momento”.
No entanto, segundo a Polícia Civil, a procuração falsa foi utilizada para propor a ação judicial em nome da pessoa falecida, sem qualquer ressalva. Além disso, documentos similares foram usados no ajuizamento de outras oito ações, distribuídas para diferentes varas cíveis da mesma comarca, na mesma data.
A Polícia confirmou a existência de diversos processos com o mesmo padrão de atuação, todos ajuizados em Porto Alegre, com procurações emitidas em nome de pessoas já mortas.