Sábado, 10 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 8 de novembro de 2015
A foto estampada nos jornais, em que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), olha, assustado, para uma chuva de notas falsas de dólares, tem lugar certo na galeria de imagens nas retrospectivas do ano a serem feitas pela imprensa. As cédulas compuseram uma cena sugestiva em torno do político, acusado, com provas contundentes, de manter no exterior contas e dinheiro não declarados à Receita Federal. Além disso, há relatos precisos, no processo da Operação Lava-Jato, sobre como parte dos dólares se originou no esquema edificado pelo lulopetismo na Petrobras.
A questão é que a crise em torno de Cunha ameaça também vir a fazer parte das retrospectivas do noticiário de 2016. Coerente com o perfil de político calejado em escândalos, desde que assumiu a Telerj, no governo Collor, Cunha segue impávido no principal lugar da Mesa da Câmara, mesmo que dados e valores de contas suas e da família na Suíça já sejam de conhecimento geral. Não renunciará, tudo indica.
No momento daquela revelação, pensou-se que o presidente da Câmara fraquejaria. Se isso ocorreu, não demonstrou. E não se tem mais dúvida de que fará tudo para que qualquer decisão do Conselho de Ética da Câmara sobre as denúncias apresentadas contra ele pelo PSOL e pela Rede só ocorra no ano que vem, na volta do recesso. Cunha já provou que não tem limites. Configura-se um quadro ruim, em que uma certa catatonia do Planalto diante do mau momento do País e do governo se soma ao travamento da Câmara, sob as rédeas de Cunha, para tratar de projetos-chave no enfrentamento da crise econômica. (AG)