Quinta-feira, 15 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 15 de julho de 2016
Desde a descoberta de água na superfície de Marte, em setembro do ano passado, cientistas e pesquisadores têm discutido a respeito da possibilidade de haver reservas de água no interior do planeta para que sejam acessadas pelos humanos e usadas pelos astronautas que habitarão o planeta vermelho a partir de 2030. No entanto, um estudo conduzido pela American Geophysical Union (União de Geofísica dos Estados Unidos) utilizando dados da sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter) mostrou que essa água pode não ser acessível a eles.
A MRO foi enviada em 2015 para a órbita marciana justamente com a missão de detectar a presença de água por lá, e a sonda acabou confirmando a existência de linhas recorrentes em encostas de montes chamadas de RSL (Recurring Slope Lineae). Utilizando um espectrômetro de imagem, os investigadores encontraram assinaturas de minerais hidratados nessas encostas escuras, que aparecem nas épocas de estações mais quentes e desaparecem com temperaturas mais frias.
Contudo, o problema com as RSL é que muitas delas foram encontradas no topo de formações geológicas que não são grandes o suficiente para abastecer uma quantidade contínua de água ao longo dos anos, e os topos de penhascos rochosos não são exatamente adequados para servirem de reservatório de água. Além disso, as RSLs não estão correlacionadas a nenhum padrão em comum, aparentemente. Outro problema é que esses cânions estão localizados próximos demais do equador marciano e são submetidos, portanto, a aquecimento regular. Portanto, as chances de uma subsuperfície líquida em Marte nessas condições permanecem remotas, já que não há espaço suficiente nas formações rochosas para guardar tanta água.
Segundo a união dos geofísicos, a água descoberta nesses sulcos escuros pode ser proveniente daquela existente na fina atmosfera marciana. A suspeita é que a região desses cânions tenha um ar surpreendente úmido. “Água atmosférica poderia ser transferida para o solo no fundo dos cânions através de um processo chamado deliquescência, em que as superfícies salgadas absorvem mais e mais a água da atmosfera até que elas se tornem uma solução de salmoura”, explicou a equipe que conduziu o estudo.
De acordo com os especialistas, “se água suficiente for absorvida nas encostas, ela formaria as RSLs, e se as RSLs são de alguma forma recarregadas por um processo atmosférico, os astronautas teoricamente poderiam emular o processo das RSLs para colher água líquida”. Teoricamente, porque até a comunidade científica entender de fato como esse processo funciona não há muitas chances de os astronautas conseguiram emular a produção de água em Marte.
Há ainda a possibilidade das encostas escuras serem resultado de outros processos, então ainda há muito estudo e pesquisas pela frente para determinar se o pouco de água que ainda existe no planeta vermelho poderá ou não ser usado pelos primeiros humanos a habitarem o planeta vizinho.