Quinta-feira, 06 de março de 2025
Por Redação O Sul | 2 de julho de 2024
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm defendido que o governo antecipe sua indicação à presidência do Banco Central (BC) com o objetivo de frear a disparada do dólar. O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, é o favorito à vaga. A moeda americana encostou nos R$ 5,70 nessa terça-feira (2), reagindo ao enfrentamento do presidente com o mercado financeiro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
A discussão ganhou corpo ao longo da tarde nas fileiras do Congresso e do Palácio do Planalto, mas ainda não há um sinal claro de que Lula, de fato, poderia antecipar a sua indicação. O presidente deve discutir o assunto nesta quarta (3), em reunião com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Rui Costa (Casa Civil).
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), governista, defende o anúncio imediato do próximo presidente do Banco Central. “Tenho defendido essa hipótese em conversas com senadores, ministros e líderes do governo”, afirmou o parlamentar. Na avaliação de Calheiros, antecipar o nome do BC diminuiria tensões e as incertezas.
Sob reserva, um ministro afirmou que anunciar Galípolo agora – caso haja a confirmação dessa escolha do presidente – ajudaria o governo a “colocar a bola no chão” em relação ao mercado financeiro.
Mais cedo, Lula afirmou em entrevista que a alta do dólar é “jogo de interesse especulativo contra o real” e “não é normal”. “Temos de fazer alguma coisa. Eu não posso falar aqui o que é possível fazer, porque, se não, eu estaria alertando os meus adversários”, declarou o presidente.
A fala deflagrou dúvidas de que o governo federal poderia adotar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de câmbio, como forma de segurar o dólar, mas a medida foi descartada por Haddad.
Também nessa terça, o presidente afirmou que o BC pertence ao Estado brasileiro e não pode estar a serviço do mercado.
“O Banco Central é um banco do Estado brasileiro, para cuidar da política monetária. Ele não pode estar a serviço do sistema financeiro. Ele não pode estar a serviço do mercado”, disse Lula em entrevista à rádio Sociedade, em Salvador (BA).
Questionado, Lula afirmou ser preciso manter o BC funcionando “de forma correta, com autonomia, para que o presidente do banco não fique vulnerável às pressões políticas”.
“Se você é um presidente democrata, você permite que isso aconteça sem nenhum problema. Agora, quando você é um autoritário, você resolve que o mercado se apodere de uma instituição que deveria ser do Estado”, acrescentou Lula.