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Brasil Altamente insatisfeitos, os brasileiros vão às urnas sem confiar na política. A violência e a corrupção alimentam o descontentamento do eleitorado

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A insatisfação com a democracia está intimamente relacionada à frustração com a economia. (Foto: Agência Brasil)

Em sua ampla maioria, os brasileiros que vão às urnas no próximo domingo escolher o próximo presidente da República, governadores, deputados estaduais, federais e senadores está de mal com as instituições democráticas. Decepcionado pela crise econômica, escândalos de corrupção e se sentindo pouco representado pela classe política, 81% do eleitorado se diz insatisfeito com a democracia.

É o que mostra pesquisa de um grupo formado por pesquisadores de várias universidades, chamado justamente de Instituto da Democracia. O nível de insatisfação é o maior desde 1995, quando a medição começou a ser feita.

“Eu acho que não se trata nem mais de um regime, que já faliu”, acredita o técnico de refrigeração Genésio Teixeira, 42 anos. “A gente não tem mais segurança. Os quatro anos de mandato para o próximo candidato que assumir vão ser pouco.”

Para ele, a democracia não consegue lidar mais com a questão da Segurança: “É difícil sair de casa às seis da manhã e dar de cara com um defunto no meio do caminho, mas hoje isso já está banalizado. Já no mundo político é só dinheiro para um lado, dinheiro para o outro e muita corrupção”.

“O Estado tem se mostrado incapaz de garantir Segurança Pública”, frisa o sociólogo José Bortoluci, da FGV: “As polícias são ineficientes e extremamente violentas, enquanto as organizações criminosas influenciam os rumos de partes da sociedade”.

A pesquisa mostra como a percepção do valor da democracia se deteriorou a partir de 2010, quando os insatisfeitos eram minoria. Para Bortoluci, o processo tem a ver com a crise global de 2008: “Estamos numa situação de contínua desigualdade, em que as reformas para enfrentar esse problema não foram suficientes. O fenômeno é global e em diferentes níveis”.

Ditadura

A pesquisa identificou que a corrupção tem um efeito ácido sobre a percepção do valor da democracia. Para 47,8% dos brasileiros, um golpe militar poderia ser justificado pelo combate a esse mal. “Os políticos, em geral, são homens corruptos que detém conhecimento, mas o utilizam de forma maléfica, desumana. Algo deveria ser feito logo para resolver esse problema”, diz o autônomo William Loiola, 46 anos.

“A corrupção é um problema real, mas quando ela passa a ser quase um discurso exclusivo para falar de política, abre-se o caminho para lideranças com promessas de reconstituição do sistema político através de medidas autoritárias, com uso da força”, alerta Bortoluci.

Para o cientista político Luiz Felipe Miguel, da UnB (Universidade de Brasília), a influência da vontade popular sobre as instituições tem se tornado cada vez menor: “O lobby dos empresários tem uma força enorme e os meios de comunicação e as Igrejas são as forças que controlam as negociações no Congresso. A democracia que temos não está funcionando, então as pessoas pensam que a solução que resta é a autoritária.Precisamos estabelecer uma consciência política coletiva para romper esse ciclo vicioso”.

Judiciário

Até 2010, a Justiça contava com a confiança da maioria da população brasileira. Já em 2013, o Judiciário tinha perdido boa parte da confiança acumulada, ainda que tenha imagem bem melhor que a dos outros Poderes.

Apesar de o Judiciário ter assumido papel preponderante no combate à corrupção, 41,8% dos cidadãos que se identificam como de direita confiam nas instituições judiciais, enquanto, entre os de esquerda, apenas 32,7%.

“As instituições se alimentam da erosão das próprias instituições do regime democrático”, diz a professora Marjorie Marona, do Instituto da Democracia. “Espera-se que o Judiciário exerça um poder discreto. No Brasil, essa regra básica foi rompida há muito tempo”, diz Luiz Felipe Miguel, da FGV.

Para os pesquisadores do Instituto da Democracia, esse tipo de atuação tende a criar assimetrias no jogo político. Um exemplo disso é a atuação do juiz Eduardo Luiz Rocha Cubas, de Formosa (GO), que pretendia determinar que o Exército recolhesse as urnas eletrônicas às vésperas da eleição, para inviabilizar o pleito no município.

“Essa desleal conduta evidencia o propósito manifesto do juiz em fazer valer sua desarrazoada ordem no dia das eleições, causando sério risco ao processo democrático”, alertou a AGU (Advocacia-Geral da União), que conseguiu abortar a operação. Rocha Cubas já gravou vídeo, ao lado deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), questionando a segurança das urnas eletrônicas.

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