Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 30 de setembro de 2018
A guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para reduzir o déficit comercial com outros países, especialmente com a China, foi abordada durante discurso do norte-americano, na noite de sábado. “Não gosto de ter déficit com nenhum país e estamos jogando duro com a China. Ou eles abrem o mercado, ou não fazemos mais negócios com eles. É simples assim”, afirmou Trump.
O presidente norte-americano falou que a relação comercial não tem sido justa. “Tenho grande respeito pelo presidente Xi [Jinping] e pela China, mas eles não têm nos tratado bem”, afirmou. “Nossos carros são taxados em 25% lá. Aqui, os carros têm taxa de 2,5%, mas nós nem cobramos. Fora isso, seria um acordo justo. Isso é estúpido.”
A melhora da relação com a Coreia do Norte também foi citada. “Estamos indo muito bem com a Coreia do Norte. [O ex-presidente Barack] Obama estava muito próximo de ir à guerra com a Coreia do Norte e milhões de pessoas teriam morrido. Ainda bem que o mandato dele estava acabando. Agora temos esta relação incrível, vamos ver o que acontece”, declarou o mandatário.
Trump participou de comício na cidade de Wheeling, no estado norte-americano de Virgínia Ocidental. O ato faz parte da campanha do republicano Patrick Morrissey por uma cadeira no Senado, na disputa com o democrata Joe Manchin.
Sem pânico
O principal diplomata do governo chinês, Wang Yi, disse nesta sexta-feira que “não há motivo para pânico” sobre o atrito entre Pequim e Washington, mas alertou que a China não será chantageada ou cederá à pressão relacionada a comércio.
Em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou Pequim de tentar interferir nas eleições parlamentares de 6 de novembro em uma tentativa de impedir que ele e seu Partido Republicano tivessem bons resultados por conta de sua posição comercial. Na mesma reunião, Wang rejeitou a acusação.
Wang disse ao Conselho de Relações Exteriores em Nova York que ações concretas devem ser tomadas para manter as relações entre a China e os Estados Unidos e que “a história lembrará aqueles que assumiram a liderança em tempos nebulosos”.
“Protecionismo só prejudica a si mesmo, e medidas unilaterais trarão danos a todos”, disse Wang em um discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas nesta sexta-feira.
“No que diz respeito a fricções comerciais, a China defende uma resolução adequada baseada em regras e consenso por meio de diálogo e consultas em pé de igualdade. A China não será chantageada ou cederá à pressão.”
Mais cedo, Wang disse ao Conselho de Relações Exteriores em Nova York que ações concretas precisam ser tomadas para manter relações entre os EUA e a China.
O
s Estados Unidos e a China estão envolvidos em uma guerra comercial, provocada pelas acusações de Trump de que a China há muito procura roubar a propriedade intelectual dos EUA, limitar o acesso ao seu próprio mercado e subsidiar injustamente as empresas estatais.
“Quanto mais próximo o nosso envolvimento, mais estreitamente entrelaçados nossos interesses, talvez várias suspeitas e até mesmo atritos possam surgir”, disse Wang. “Isso não é surpreendente e também não é motivo para pânico.”
Ele negou qualquer sugestão de que houve transferência forçada de tecnologia de empresas estrangeiras na China e minimizou reclamações de algumas empresas dos EUA sobre condições de mercado na China, dizendo que estes não representam a maioria.
“O que é importante é como essas diferenças devem ser vistas, avaliadas e abordadas”, disse Wang.
Ele disse que a China está fomentando laços econômicos mais próximos com a Rússia, já que as duas economias são complementares e Moscou e Pequim estão na mesma página sobre questões internacionais. Segundo ele, derrubar o acordo nuclear de 2015 com o Iraque poderá levar a uma corrida armamentista regional.
Uma maior cooperação com a China é fundamental para a desnuclearização de sua aliada Coreia do Norte, disse o diplomata, que pediu a criação de um mecanismo de paz e que os EUA deem mais incentivos à Coreia do Norte