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Por Redação O Sul | 31 de outubro de 2015
Na última terça-feira, o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), André Calixtre, disse que a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, foi a origem da crise de emprego no País. Em uma entrevista no Rio de Janeiro, ele afirmou que a Lava-Jato desorganizou o setor de óleo e gás e acabou afetando o segmento de construção. E que “o resto [da crise de emprego] veio depois, com a queda da atividade econômica”.
Calixtre disse que não tinha números que demonstrassem o impacto da operação no emprego. Ele mencionou, no entanto, um estudo do Ministério da Fazenda que culpou a Lava-Jato por dois pontos percentuais da queda do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano.
Outros analistas ponderaram sobre a influência da operação no cenário econômico atual. “Não concordo que tenha sido o início, mas acho que [a Operação Lava Jato] contribuiu. A economia já vinha mal em 2014 quando o crescimento foi zero. A razão principal para o aprofundamento da crise foi o ajuste fiscal deste ano”, disse João Saboia, especialista em mercado de trabalho do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ele atribui a origem da crise de emprego à perda de dinâmica do mercado de trabalho, que começou pelas demissões na indústria.
José Márcio Camargo, professor de economia da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), disse que a economia entrou em recessão no ano passado, quando começou a haver a redução da geração de emprego. “Já existia um processo de redução da geração de empregos no Brasil quando aconteceu a Lava-Jato. Ela significou a piora de um processo que existia”, ressaltou o professor.
No primeiro semestre de 2014, o mercado de trabalho gerou 588.671 empregos formais. Isso representava uma queda de 29% frente ao mesmo período do ano anterior. A operação se tornou um problema mais sério para a Petrobras e as empreiteiras a partir da delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto Costa, no final de agosto do ano passado.
Para Camargo, a crise do emprego se consolidou em 2015 com o aprofundamento da recessão. O PIB deve encolher 3,02% este ano, pela média da projeção dos analistas. O economista Leonardo França Costa, da Rosenberg & Associados, tem uma avaliação semelhante. De acordo com ele, as demissões da indústria estão na origem da crise de emprego no Brasil. “Isso vem muito antes da Lava-Jato”, observou Costa. (Folhapress)