Quinta-feira, 25 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de setembro de 2025
Escolhido para ser o relator do projeto da anistia aprovado em regime de urgência na Câmara, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) descarta propor um perdão “amplo e irrestrito” aos envolvidos no 8 de Janeiro, como defende a oposição, e afirma que não consegue “salvar individualmente” o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O parlamentar diz que vai conversar com as bancadas da Casa e com o Senado antes de concluir o texto e também com integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), “se houver algum estremecimento”.
1) O senhor vai propor uma anistia ampla e irrestrita ou a redução de penas?
Essa coisa de anistia ampla e irrestrita já foi superada. Nós votamos em um acordo o texto do (Marcelo) Crivella, que já não é sobre anistia ampla e irrestrita. E o texto do Crivella é só para inglês ver. Nós vamos construir um outro caminho. Um caminho que possa, talvez, agradar a maioria. Talvez não todo mundo, mas vou tentar agradar todo mundo. Ainda não dá para dizer se é redução de pena ou o que é, porque não ouvi ninguém ainda.
2) O ex-presidente Jair Bolsonaro também seria beneficiado pela redução de penas. O governo vai topar?
Não tem como individualizar relatório, que vai ter que ser feito no minuto que a gente vai ouvindo as pessoas, as bancadas… Uma coisa que eu posso dizer desde já é que não dá para individualizar relatório. Se Bolsonaro for beneficiado, muito bem e, se não for, também. Não posso fazer muita coisa. Não consigo tentar salvar individualmente. Com certeza, não vou conseguir.
3) Vai falar com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, sobre a proposta?
Quero fazer um relatório que possa tentar agradar a todos. Como agradar a todos não é uma coisa simples, agradar a maioria pelo menos e pacificar o país.
4) Com quais ministros do STF o senhor vai conversar?
Vou conversar com todo mundo. À medida que der algum atrito, com as pessoas que estiverem incomodadas, eu vou conversar com qualquer um dos Poderes. Se for do Supremo, se for do governo federal… Mas só vou se tiver algum estremecimento. Se não tiver, não precisa ser conversado.
5) O senhor já disse que o ministro Alexandre de Moraes é guardião da democracia. Mantém essa opinião? Ele pode contribuir em um acordo para o relatório?
Sou amigo do Alexandre de Moraes desde quando ele era advogado em São Paulo e eu sindicalista. Tenho relação antiga, o considero um homem corajoso, que tem postura firme e sempre o achei o guardião da democracia. Se precisar falar com ele, vou falar. Espero que não precise, espero fazer um relatório com o que ele concorde e que a gente possa tocar a vida em frente.
6) Pesquisas de opinião mostram que a maioria da população é contra a anistia. Por que o Congresso deveria se debruçar sobre uma medida tão impopular?
Em nenhum momento, eu e o Hugo (Motta) estamos chamando o projeto de anistia. É um projeto para pacificar o País e sair dessa polêmica de extrema-direita e extrema-esquerda.
7) Mudar a lei logo após a condenação de um ex-presidente por tentativa de golpe de Estado é legítimo ou pode soar como um casuísmo do Congresso? Centenas de pessoas já haviam sido condenadas no 8 de janeiro, e o Congresso não se movimentou para votar o texto.
O Congresso age na hora certa. Acho que esse é o momento de pacificação. A maioria do Congresso hoje pensa nisso de ter um texto para pacificar o país, que possa garantir a nossa democracia, punir realmente quem deve ser punido, mas trabalhar para pacificar o país. É isso que a grande maioria do Congresso e do povo brasileiro pensam. Se não conseguir agradar a gregos e troianos, quero pelo menos agradar a maioria do povo brasileiro. (Com informações do jornal O Globo)