Quarta-feira, 05 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de março de 2018
Anti-histamínicos são medicamentos bastante comuns para tratar quadros alérgicos com sintomas como conjuntivite, sinusite, urticária e etc. No entanto, um estudo argentino publicado em março na revista científica Reproduction mostrou que essas medicações podem ter um efeito negativo quando usadas por muito tempo.
A pesquisa analisou estudos já feitos em animais e humanos e percebeu que existem evidências de que esses compostos podem afetar a saúde sexual dos homens por afetarem os hormônios produzidos pelos testículos, o que pode levar a alterações na morfologia do esperma e redução de sua motilidade (capacidade de se moverem), além de reduzirem a contagem geral dos espermatozoides, tornando a fertilidade do homem menor.
Mas calma, não é preciso deixar de tomar anti-histamínicos
No entanto, os próprios pesquisadores frisaram que estudos em mais larga escala precisam ser feitos para entender esses efeitos negativos dos anti-histamínicos na saúde sexual dos homens. O estudo, hoje, serve mais como um alerta para a comunidade médica investigar melhor a questão e tomar cuidado com o uso exacerbado destes medicamentos.
Para os pacientes, a recomendação continua a mesma: consultar um médico antes de tomar qualquer medicação e cumprir a prescrição. O problema é que os anti-histamínicos são drogas bastante populares, comercializadas sem a necessidade de receita médica.
“Mais testes de larga escala são necessários para avaliar os possíveis efeitos negativos dos anti-histamínicos na saúde sexual e reprodutiva. Isso pode levar a novos tratamentos para os sintomas da alergia sem comprometer a fertilidade”, disse Carolina Mondillo, uma das cientistas envolvidas no estudo. “Os dados compilados nesta revisão indicam o envolvimento crucial da histamina na orquestração das funções testiculares, mas ainda há muito a aprender sobre os mecanismos implicados.”
“O princípio da precaução aqui deve ser para que homens evitem tomar muitos anti-histamínicos se estão tentando procriar”, comentou Darren Griffin, professor de Genética na Universidade de Kent, no Reino Unido. Já Channa Jayasena, da Imperial College London, considera cedo para ligar o alerta para esse tipo de medicação, mas destaca que os remédios podem realmente estar afetando a fertilidade dos homens. Por isso, mais estudos são necessários.
“A qualidade média do esperma na população está reduzindo ao longo das últimas décadas, então é sempre importante considerar que medicações comuns, cada vez mais utilizadas, podem ser parcialmente responsáveis”, apontou o pesquisador. Como os autores destacam corretamente, ainda é muito cedo para tocar os alarmes sobre esses remédios. Muitos agentes podem estar relacionados com a infertilidade masculina. O truque está em avaliar qual o tamanho do impacto na saúde reprodutiva masculina, que ainda é desconhecido.
A histamina é uma molécula produzida pelo corpo como resposta a certas condições detectadas pelo sistema imunológico como ameaças em potencial. É ela a responsável pelas reações alérgicas moderadas, como febres, erupções cutâneas e obstrução das vias respiratórias. Logo, os anti-histamínicos combatem essas moléculas, aliviando os sintomas alérgicos.