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Mundo O antissemitismo cresce na Alemanha e assombra os judeus, apesar das medidas do governo para combater a perseguição

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O antissemitismo está avançando. (Foto: Reprodução)

Uma das principais coisas que Wenzel Michalski se lembra de sua infância foi seu pai, Franz, lhe dando um conselho: “Não diga a ninguém que você é judeu”. Franz, a mãe dele e o irmão caçula sobreviveram ao Holocausto ao fugirem para a Europa Central. Após a guerra, suas experiências de volta à Alemanha sugerem que, apesar de os nazistas terem sido derrotados, o antissemitismo intrínseco à sua ideologia sobreviveu.

Recentemente, o filho de Michalski, Solomon, de 14 anos, quis ser transferido para uma escola pública em Berlim com maior diversidade. Nos primeiros dias, foi tudo bem. Mas, no quarto dia, uma professora perguntou aos alunos onde eles rezavam. Um deles mencionou a mesquita, outro, a igreja. Solomon levantou o braço e falou sinagoga. Um silêncio tomou conta da classe e a professora perguntou porque sinagoga. “Sou judeu”, disse.

Todos ficaram chocados”, contou Solomon à mãe. No dia seguinte, o rapaz que ele acreditava que poderia ser seu melhor amigo lhe disse que na escola havia vários muçulmanos que usavam a palavra “judeu” como insulto. Solomon quis saber se o amigo se incluía no grupo. O rapaz lhe disse que os dois não podiam ser amigos, pois judeus e muçulmanos não são amigos.

Nos meses seguintes, Solomon começou a ser alvo de bullyings cada vez mais agressivos. Um dia, ao sair da padaria, um rapaz que o perseguia apareceu com uma arma na mão, apontou para ele e puxou o gatilho. A arma era falsa, mas Solomon passou o maior susto da vida.

Em 2017, os Michalskis foram a público revelar sua história com o objetivo de provocar a discussão sobre o antissemitismo nas escolas da Alemanha. Desde então, foram revelados dezenas de casos de bullying antissemita nos colégios.

Para os Michalskis, tudo isso foi uma evidência de que a sociedade alemã realmente nunca abandonou o antissemitismo depois da guerra. “Os alemães restauraram as sinagogas e construíram memoriais para as vítimas do Holocausto, mas ninguém resolveu o antissemitismo entre suas famílias”, disse Wenzel. “Agora, vários políticos conservadores dizem que os muçulmanos estão importando o antissemitismo para nossa maravilhosa cultura anti-antissemita. Isso é besteira. Estão tentando politizar a questão.”

A comunidade judaica na Alemanha não foi totalmente extinta. Após o regime nazista matar cerca de 6 milhões de judeus, mais de 20 mil judeus que tinham saído do Leste Europeu acabaram se instalando na Alemanha Ocidental, juntando-se aos cerca de 15 mil judeus alemães que haviam sobrevivido e permaneceram no país após a guerra.

A nova classe política da Alemanha rejeita em discursos e nas leis o antissemitismo, que foi a base do nazismo – medidas consideradas não apenas um imperativo moral, mas necessárias para restabelecer a legitimidade da Alemanha no cenário internacional. No entanto, essa mudança não refletiu uma imediata conversão das antigas atitudes antissemitas do dia a dia.

Atualmente, cerca de 200 mil judeus vivem na Alemanha, um país de 82 milhões de pessoas, e estão cada vez mais apreensivos. Em pesquisa realizada em 2018 pela União Europeia, 85% dos entrevistados na Alemanha disseram que o antissemitismo é um grande problema e 89% disseram que o problema tinha se agravado nos últimos cinco anos.

Os crimes antissemitas na Alemanha tiveram um aumento de 20% em 2018, para 1.799, enquanto a violência contra os judeus aumentou 86%, para 69 casos. Estatísticas da polícia alemã atribuem 89% dos crimes antissemitas a grupos de extrema direita. No entanto, os líderes da comunidade judaica garantem que a origem das agressões é variada.

Aumenta assédio contra membros da comunidade judaica, apesar de medidas do governo para combater a perseguição.

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