Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de maio de 2018
Nesse sábado, dia em que se completaram dois anos do afastamento da então presidenta Dilma Rousseff pelo processo de impeachment e da posse interina – que depois se tornaria definitiva – de Michel Temer no cargo, o emedebista saiu em defesa do sua gestão. Em recado aos críticos do seu governo, ele exaltou números econômicos e afirmou que os “defensores da crise perderam”.
“Temos agora um novo Brasil, mais forte e mais otimista. Não há espaço para retroceder. As mudanças precisam continuar. Os defensores da crise perderam. O Brasil aprendeu a crescer com consistência”, escreveu em postagem no Twitter.
O chefe do Executivo aproveitou a ocasião para elencar os questões que considera solucionadas nesses dois anos desde que passou a vestir a faixa presidencial. “Eu assumi o governo do Brasil com uma dura missão: retirar o País de sua mais grave recessão, estancar o desemprego, recuperar a responsabilidade fiscal e manter os programas sociais. De fato, tudo isso foi feito”, garantiu. “Até o dia 23 de março deste ano, 212 mil crianças e 31,5 mil gestantes já tinham sido atendidas.”
Denúncias
Em sua manifestação, Temer não mencionou as duas denúncias criminais apresentadas contra eles pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nem os temas ainda pendentes, dentre os quais estão a reforma da Previdência. O foco do discurso feito nos “tuítes” da rede social foi a mudança de paradigma na economia: “O Brasil, que encolhia a um ritmo de quase 4% ao ano, agora vai crescer mais de 2%”.
A exemplo do que tem ocorrido nos últimos meses, o emedebista também fez uma exaltação à reforma do Ensino Médio, proposta que já era discutida antes e foi aprovada em seu governo. Ele procurou estabelecer uma relação com as mudanças, reforçando a narrativa de que atuou para destravar a proposta.
“Eu tive a coragem de fazer a reforma do Ensino Médio e a Base Nacional Comum Curricular, demandas dos educadores brasileiros por mais de mais de 20 anos. A mudança na educação das nossas crianças e jovens já começou”, afirmou.
Promessas
Das 19 promessas feitas por Michel Temer durante os 28 minutos de seu primeiro discurso como presidente da República, na tarde de 12 de maio de 2016, apenas duas foram honradas integralmente, sete não foram cumpridas e as outras dez tiveram execução parcial, em maior ou menor grau.
Para honrar integralmente uma das promessas, a redução da inflação, o emedebista contou com o auxílio do ritmo lento da economia no período. Dentre as que não conseguiu tirar do campo das intenções estão a redução do desemprego, o incremento da agricultura familiar, a aprovação da reforma da Previdência e a unificação e pacificação do País.
Exatos dois anos depois, Temer hoje tem reprovação popular recorde, perdeu o apoio oficial do principal aliado – o PSDB – e a sua base de sustentação está fragmentado, tendo inclusive seis pré-candidatos à sucessão no Palácio do Planalto, sendo que o próprio presidente ainda não desistiu oficialmente de tentar um segundo mandato.
Outras promessas que ficaram no discurso foram a “busca permanente de controle e apuração de desvios” e a “blindagem da Lava Jato contra tentativas de enfraquecê-la”. Desde 2016, o emedebista viu recrudescerem as suspeitas de corrupção contra ele e ministros de seu governo.
Temer foi alvo de duas denúncias feitas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal, investigações que lhe minaram o capital político e tiraram as chances de aprovação da reforma da Previdência. O presidente também não adotou medida relevante de combate à corrupção e rompeu a tradição de escolha do mais votado pela categoria para a chefia do Ministério Público.
Na relação com o Congresso, o emedebista começou sua gestão com uma base de apoio de mais de 300 deputados, o que lhe permitiu aprovar em 2016 a mudança na Constituição que estabeleceu o congelamento dos gastos federais. Com a eclosão do escândalo da JBS/Friboi no ano seguinte, porém, sua base passou por encolhimento gradual.
Na parte econômica, prometeu em 2016 resgatar a credibilidade do país, ampliar as privatizações, reduzir o desemprego, entre outras medidas. A economia saiu da recessão em 2017. A inflação foi reduzida à baixa recorde de 2,95%. Mas Temer não conseguiu diminuir o desemprego. E o déficit nas contas segue elevado (R$ 106 bilhões em fevereiro).
Ainda em sua fala inaugural, Temer prometeu sempre se pautar pelo “livrinho”, a Constituição Federal. Mas sua reforma trabalhista tem pontos inconstitucionais, segundo a PGR. Em outros episódios, medidas foram derrubadas pelo Supremo, como trechos de sua proposta de indulto de Natal de 2017.