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Por Redação O Sul | 11 de abril de 2018
Aos 64 anos e cheia de disposição, a procuradora de Justiça Norma Maria de Oliveira deu à luz sua primeira filha na terça-feira, na Maternidade Hospital Octaviano Neves, em Belo Horizonte. A mãe e a filha, batizada de Ana Letícia, passam bem após realização de cesariana na unidade de saúde da capital de Minas Gerais.
De acordo com a ginecologista e obstetra, especialista em gravidez de alto risco, Rita de Cássia Sousa Amaral, a idosa conseguiu engravidar por meio de uma fertilização in vitro.
“Os óvulos foram de uma doadora anônima e os espermatozoides do companheiro de Norma. Mas o que mais surpreendeu foi que o procedimento deu certo já na primeira tentativa”, comentou a médica.
Norma procurou a especialista em junho de 2017. Aos 63 anos, ela demonstrava muita disposição e vontade de gerar seu primeiro filho. Depois de passar por vários exames e ter a certeza de que a saúde estava em dia, a procuradora passou pela fertilização in vitro e engravidou de Ana Leticia.
“O problema maior, após o sucesso do procedimento, seria manter o organismo dela suportando o desgaste de uma gravidez”, explicou a médica Rita de Cássia.
Para a felicidade de Norma, a gestação ocorreu dentro do previsto – com acompanhamento médico constante, e doses de anticoagulante, para evitar complicações por causa da idade. Nos últimos dias, a médica começou a notar alguns sinais de que estava na hora da pequena vir ao mundo.
“Notamos uma pequena alteração na circulação do bebê e decidimos fazer o parto. Ela nasceu de cesariana, com 33 semanas e meia de gestação, está saudável, pesando 1,7 quilo e medindo 48 centímetros. As duas estão bem. E para a equipe médica é uma alegria e um grande avanço participar de um momento desse. Há poucos anos, nem se cogitava essa situação para uma mulher com mais de 60 anos. Foi uma experiência nova e gratificante para todos os envolvidos”, comemorou a especialista.
A bebê prematura está na UTI Infantil, mas passa bem e deve ir para casa em breve.
Riscos
“Para a mulher, a idade avançada está associada ao aumento na incidência de diabete gestacional, hipertensão específica da gravidez, abortamentos, prematuridade e distócia funcional, quando o trabalho de parto não evolui na velocidade esperada. Para o bebê, os riscos estão associados a alterações cromossômicas numéricas ou estruturais, como a síndrome de Down”, explica Gilberto da Costa Freitas, especialista em Reprodução Humana da Clínica de Reprodução Humana, de São Paulo.
O obstetra Adolfo Liao, do Ambulatório de Obstetrícia do Hospital das Clínicas de São Paulo, afirma que até 25% das gestações em idade materna avançada resultam em aborto. “Quando uma mulher com 20 anos engravida, a chance de ocorrer um aborto espontâneo é menor”, completa. A taxa de bebês nascidos prematuramente também é mais alta e chega a 15% devido a complicações como o diabete e a hipertensão.
“Todos são riscos reais, mas os avanços da medicina diminuem esses impactos nas mães e nos fetos com diagnósticos precoces”, complementa Mauricio Simões Abrão, ginecologista e obstetra da Universidade de São Paulo e diretor da clínica Medicina da Mulher .